«Sei que o Bayern preparou um casaco, tal como o Mónaco tinha preparado uma camisa, mas nós ainda não preparámos nada.» Foi desta forma que José Mourinho finalizou a conferência de imprensa desta tarde, no Santiago Bernabéu, a pouco mais de 24 horas do pontapé de saída da final da Liga dos Campeões. O treinador português desvalorizou ainda uma eventual ansiedade dos jogadores por o Inter não ganhar uma prova europeia há muitos anos.

«Não interessa se esta é a primeira ou a quinta, é a final da Liga dos Campeões. E não interessa há quanto tempo foi a última. O significado e a atmosfera não são diferentes só porque há esses detalhes. Posso imaginar o que são 45 anos de espera para os adeptos. A maior parte não se lembra ou não era vivo quando o Inter jogou a última final. O Bayern conseguiu a sua há dez, nove anos. Conseguiram-nos muitas vezes antes. O Inter tem uma história de sucesso, mas há muito tempo. Não é uma grande responsabilidade. É a oportunidade de conquistar algo para um clube especial, um presidente especial e adeptos especiais. Mas uma final é uma final. Parabéns ao Bayern pela época que fez, que foi o mesmo que fizemos. Será um encontro com grande ambiente, porque foram as duas equipas mais bem sucedidas esta época», explicou.

«Lo Speciale» também avaliou a ausência dos grandes favoritos no jogo decisivo da maior competição europeia a nível de clubes: «Quando a época começa é normal que se olhe em volta e se escolha as equipas com mais poder, nomes, tradição. Não gosto de apostas e não quero de maneira nenhuma fazer-lhes publicidade, mas se vermos as probabilidades de vitória em alguns jogos sentimos que há níveis diferentes de percentagens de possível sucesso. O Barcelona tem uma super-equipa, e tinha a possibilidade de jogar em casa nova final. O Manchester United esteve em duas finais consecutivas, o Chelsea numa meia-final e numa final. O Bayern não fazia parte desse grupo e nós também, mas passo a passo¿ Chegámos aqui porque sempre pensámos que o encontro que se seguia era o mais importante. Isto é a Liga dos Campeões. Pode acontecer e não aconteceu por acaso, porque as duas equipas podem ganhar tudo. São sem dúvidas grandes equipas e por isso chegámos à final. Há equipas melhores que nós? Não sei. Não sei!»

A questão voltou para o auto-controlo do técnico antes de um jogo tão importante para a sua carreira: «Quando acordo de manhã, sinto-me diferente, mas depois adaptamo-nos gradualmente. Encontro a equipa, almoçamos, voltamos a falar um pouco depois, é um ritual que fazemos jogo após jogo. Faço isto há alguns anos. Só se joga uma final da Champions de vez em quando, mas é um ritual. Não é drama. Temos de viver com isto. Se um jogador não tem a capacidade de recuar um passo não se expressa e não é capaz de jogar a este nível elevadíssimo. Depois do jogo haverá sempre emoção, ganhe-se ou perca-se. Se perdermos o mundo não acaba amanhã, se ganharmos será grande momento. Temos um presidente muito especial, a quem agradeço ter-me trazido para o Inter há dois anos. Gostaria de o ver com a Taça, realmente gostaria de ter uma contribuição modesta para isso. Para algo de fantástico.»