Claro que não é possível elogiar o futebol do Inter esta noite, em Camp Nou.

Mas foi o Barcelona que tentou transformar esta meia-final em qualquer coisa diferente de «apenas» um jogo de acesso à final da Liga dos Campeões.

O comportamento de responsáveis do Barcelona foi pouco habitual, para dizer o mínimo. O que fizeram alguns media da Catalunha teria sido execrável se em Espanha esta forma de tomar partido, no futebol, não fosse natural. Quase obrigatória.

Colocado o jogo nestas bases, José Mourinho preparou-se para tudo.

E tudo era mesmo tudo.

O ambiente único de Camp Nou, um adversário poderoso, dois golos que parecendo um mundo podiam ser coisa pouca se o adversário chegasse cedo à baliza de Júlio César. E um árbitro pressionado a um nível poucas vezes visto nesta competição.

O tudo mudou para ainda mais difícil quando Motta foi expulso, cedo nesta história.

Com dez, Mourinho sublinhou ainda mais o rigor.

O Inter foi uma vergonha?

Acho que não.

Pelo contrário. O Inter foi uma equipa que se conhece até ao limite e que, não menos importante, acreditou que do outro lado estava um conjunto que também tem falhas.

Sim, ao longo de 180 minutos José Mourinho expôs as deficiências do Barcelona. Que a equipa mais forte do planeta não seja afinal perfeita é a notícia que sai desta meia-final.

Custa a crer, mas ficou à mostra, para o Mundo ver.

Ninguém poderá elogiar Mourinho pela qualidade do futebol que a sua equipa jogou. Mas, recordo o princípio do texto, esta quarta-feira, em Barcelona, não era de futebol que se tratava. Vista da Catalunha, esta era sobretudo uma oportunidade única de ganhar em Madrid uma Liga dos Campeões.

Parabéns a Mourinho. Por ter percebido tudo, desde o princípio. E por chegar à segunda final da Liga dos Campeões, claro. Desta vez o caminho foi mais duro do que no F.C. Porto. E a final também se prevê mais equilibrada.