A aposta na «cantera» continua a suscitar debate no Real Madrid. José Mourinho tem sido acusado de apostar pouco na formação «merengue», mas refuta essas críticas, aproveitando para responder também a declarações recentes do seu antecessor, Manuel Pellegrini.

«As críticas não fazem sentido, pois sou o campeão dos estreantes. Entre 1999 e 2003 foram lançados 17 jogadores na equipa principal: Aranda, Zárate, Miñambres, Raúl Bravo, Portillo, Valdo, Rúben, entre outros. De todos, aqueles que tiveram melhor carreira foram Raúl Bravo e Pavón. Por isso, com o senhor Pellegrini estrearam-se três jovens, num total de nove minutos. Antes tivemos o Miguel Torres com 25 jogos, e ainda antes o Riki e o Núñez. Não fui eu que quebrei a dinâmica. Eu quero jogadores que se estreiem e que joguem na equipa principal, não quero jogadores para engordar a lista. Esse recorde já tenho, com quase trinta jogadores lançados», respondeu o português.

Mourinho defendeu ainda que jogadores com 23 ou 24 anos já não se enquadram numa perspetiva de futuro da equipa principal. «Não é com 26,27 ou 28 anos que vão chegar lá», respondeu, considerando que o brasileiro Fabinho, contratado ao Rio Ave, ainda está em idade de alcançar essa promoção, tal como José Rodríguez ou Álex, convocados para o jogo da Taça do Rei com o Alcoyano.

Na conferência de imprensa desta terça-feira o treinador português deixou, no entanto, alguns sinais de que a sintonia com o responsável técnico do Real Madrid Castilla não é a melhor: «A minha relação com Toril é normal. Eu faço o meu trabalho e ele faz o seu. Eu tenho três jogadores que ele pode utilizar. É positivo para ambos, pois ele pode contar com o Jesús, o Nacho e o Morata, e eu gosto que eles tenham minutos. Essa cooperação é positiva, mas ele tem autonomia. Isso parece-me bem, mas nós jogamos com um esquema diferente, um modelo diferente. Há jogadores que na segunda equipa desempenham funções que não existem na equipa principal, como a posição nove e meio, do Jesé. Também os nossos extremos jogam mais subidos, enquanto que o Castilla joga em 4x4x2. Nesse sentido os jogadores saem prejudicados. O Toril sabe tudo aquilo que falo com vocês. Sabe que comigo o Nacho nunca será central, mas tem autonomia. Ele é que decide se é mais importante ser quarto, quinto ou sexto classificado na segunda divisão, ou ajudar a progressão de um jogador, para chegar à equipa principal.»