José Mourinho não esqueceu Louis van Gaal na conferência de imprensa após a conquista da Liga dos Campeões pelo Inter, no Santiago Bernabéu. Houve o tal abraço prometido no final da partida entre os velhos conhecidos, com os «nerazzuri» a conquistarem o terceiro troféu da sua história.

«Van Gaal provocou-me antes do jogo porque disse que o Inter praticava um futebol defensivo. Sei o que ele queria saber. Mas não perdemos identidade e fomos uma equipa compacta, que manteve uma distância reduzida entre os jogadores e um bloco médio, procurando algo típico do seu futebol que é contra-atacar. Marcámos primeiro, o Júlio César teve depois a defesa da noite e a partida foi ficando mais fácil para nós. Controlámos a bola e marcámos o segundo golo. Jogámos como equipa, estivemos muito bem, com grande controlo emocional. Foi uma final de qualidade, não belíssima, mas boa, vencemos justamente não só por hoje mas pelo caminho que tivemos», considerou o «Special One».

Uma das pessoas imediatamente procuradas pelo técnico luso foi Massimo Moratti, presidente dos milaneses. É conhecida de todos a boa relação que têm o dirigente e Mourinho. «Não sei o que Moratti me disse, não me lembro. Foi um longo abraço. Foi incrível o casamento entre nós. Já me queria três anos antes quando eu estava no Chelsea e eu não fui. Depois quis outra vez e trouxe-me para cá. Fui eu que lhe dei o sonho, ele sonhava ter uma foto igual à do pai com a Taça. Estou muito feliz por lhe ter dado isso.»

O treinador português foi questionado por ter alinhado frente ao Bayern sem italianos no onze, tendo depois entrado apenas Materazzi durante a segunda parte: «O Inter é uma equipa italiana, embora não tenha muitos italianos. Mas neste momento a Itália pode orgulhar-se de ter uma selecção campeã do mundo e um campeão da Europa de clubes. Por causa desta vitória não perdemos uma equipa italiana na Liga dos Campeões no próximo ano. É uma sensação fantástica, estou orgulhoso por ter contribuído para isso. Não penso nas nacionalidades dos jogadores que tenho em campo. Se estivesse 1-0 não teria feito entrar Materazzi. O Bayern estava a jogar com bolas longas para o Gómez e o Klose e quis fechar aquela porta. Quis também dar a um grande jogador, que está sempre pronto para jogar, aquela que pode ser a última oportunidade de jogar uma final de uma Liga dos Campeões. O Balotelli tem 15 anos ainda para ganhar, o Materazzi mereceu-o.»

O adeus ao futebol transalpino está praticamente consumado. Na hora da despedida, Mourinho não deixou de lamentar algumas situações, sobretudo durante esta época. «Não me agradou ver tantos jogos na bancada, eu gosto é de estar no banco. Também não me agradou ter dez pontos de vantagem e poder chegar em segundo. Não me agradou este período, agradou-me a pressão. Em Itália há uma paixão incrível pelo futebol.»

Mais uma vez, Mourinho garante que vai querer continuar a conquistar títulos, uma vez que tem a mesma sensação como se fosse única. «Esta é uma competição que todos querem ganhar, poucos têm o privilégio de fazê-lo e eu tive o privilégio de ganhá-la por duas vezes. Perguntavam-me se iria sentir algo diferente da primeira vez e não senti. Não vai mudar se jogar a terceira, a quarta ou a quinta final. A resposta do meu corpo será igual. Se atingir a terceira final não vai mudar nada. A alegria é a mesma», atirou.