O At. Madrid vai mudar-se no verão, o Tottenham despede-se de White Hart Lane no final desta época, o Chelsea também já viu aprovados os planos para um estádio novo. Barcelona e Real Madrid farão remodelações profundas nos seus estádios, a Roma e a Fiorentina também têm em marcha projetos para casas novas. Nesta onda de mudança até há lugar para um estádio que começou a ser construído mas está há sete anos parado, em Valência.

Quando o novo estádio do Chelsea estiver pronto, o que está previsto para 2021/22, todos os grandes clubes de Londres terão casas novas e o cenário futebolístico da capital inglesa estará completamente transformado num espaço de 15 anos. O Arsenal foi o primeiro, em 2007. Seguiu-se o West Ham, que se mudou esta época para o também novo Olímpico de Londres, num processo que envolverá a demolição do velho Upton Park. O próximo é o Tottenham, depois o Chelsea. E ainda há o novo Wembley.

Os grandes de Espanha também vão construir de novo ou remodelar profundamente as suas casas. Já daqui por alguns meses o Atlético de Madrid, a médio prazo também Barcelona e Real Madrid. Os dois gigantes espanhóis fizeram vários melhoramentos nos seus recintos ao longo dos anos, mas agora estamos a falar de remodelações bem mais profundas. Caso bem diferente o do Valencia, que iniciou a construção de um novo estádio em 2007, mas parou-a pouco depois, até hoje.

São muitas mudanças em processos isolados, ou seja, fora de remodelações alargadas a propósito de uma grande competição. É esse normalmente o motor de melhorias profundas dos recintos em cada país. Como Portugal para o Euro 2004, ou agora muito recentemente a França para o Euro 2016, ou ainda, num futuro próximo, a Rússia para o Mundial 2018 e o Qatar para 2022.

Alguns destes casos envolvem processos complexos de requalificação de zonas urbanas, quase todos pretendem criar espaços mais versáteis e com melhor capacidade de exploração comercial. Uma das tendências modernas é também aproximar mais os adeptos do relvado. Em alguns casos é o fim da linha para os antigos estádios dos clubes, alguns com mais de 100 anos de história, noutros trata-se de mudanças que tornarão quase irreconhecível a memória do recinto como o conhecemos.

O Maisfutebol apresenta os traços gerais dos principais projetos para novos estádios na Europa dos grandes. Na galeria associada a este artigo pode ver mais imagens de cada um dos futuros estádios.

Tottenham

Capacidade: 61 mil espectadores

Inauguração prevista: 2018/19

Custo previsto: 860 milhões de euros

Está em plena construção o estádio que vai dar lugar ao clássico White Hart Lane, a casa do Tottenham desde 1899. O novo recinto não tem ainda nome, mas não levará o do antigo estádio. Inserido num projeto maior para a zona de Londres onde está a ser edificado, o novo estádio também passará a ser a casa do futebol americano em Londres, recebendo jogos internacionais da NFL.

Os custos têm derrapado consistentemente, as estimativas apontam agora para que cheguem aos 750 milhões de libras, mais de 860 milhões de euros.

O Tottenham vai jogar a próxima temporada em Wembley, onde aliás já tem feito os jogos europeus desde que começaram as obras.O clube tem divulgado com regularidade informação sobre o andamento das obras, que pode ser acompanhado em tempo real.

Chelsea​

Capacidade: 60 mil espectadores

Inauguração prevista: 2021/22

Custo estimado: 580 milhões de euros

Stamford Bridge é a casa do Chelsea desde 1905, já lá vão 110 anos. Tem atualmente capacidade para 41.841 espectadores e é um desejo antigo do clube e do seu dono, Roman Abramovich, ter um estádio maior. Mas não era fácil perante a localização de Stamford Bridge, numa zona de grande densidade de construção e entre duas linhas férreas.

O clube chegou a ponderar abandonar de vez a zona, mas a solução encontrada acabou por ser reconstruir o atual estádio, que será parcialmente afundado. O projeto é dos arquitetos suíços Herzog e De Meuron, a mesma dupla do Arena de Munique ou do «Ninho» de Pequim 2008, para um estádio com 60 mil lugares de capacidade. O Chelsea vai ter de jogar pelo menos três temporadas em casa emprestada, enquanto durarem as obras. Será a partir de 2018/19 e deverá mudar-se nesse período para Wembley.

Atlético Madrid

Capacidade: entre 68 e 72 mil espectadores

Inauguração: Setembro de 2017

Custo: a mudança enquadra-se na cedência dos terrenos do Calderón para a requalificação urbanística da zona; o Atlético comprou o novo estádio por 30 milhões de euros

O Atlético Madrid vai despedir-se em maio daquela que foi a sua casa durante 50 anos, cumpridos em 2016. O jogo com o At. Bilbao será o último do clube no atual estádio, que no entanto vai ainda receber depois disso a final da Taça do Rei entre Barcelona e Alavés.

É o ponto final formal num processo que não foi pacífico, antes de mais para os adeptos, que envolve um grande projeto de requalificação urbanística da zona de Madrid onde está o Calderón, num perímetro que envolve o estádio, propriedade do Atlético, e terrenos pertencentes à cervejeira Mahou. O Calderón será demolido e no seu lugar está prevista a construção de um grande espaço verde, o «Parque do Rio» Manzanares. Leia aqui uma reportagem do Maisfutebol em Madrid sobre o novo estádio do Atleti.

O Atlético muda-se para La Peineta, o estádio olímpico construído em 1994 e que foi alvo de obras profundas, que estão em fase de conclusão. O clube acaba de comprar formalmente o novo recinto por 30 milhões de euros.

O novo estádio vai ter o nome de uma companha chinesa, chamar-se-á Wanda Metropolitano.

Uma visita virtual ao novo estádio

Barcelona

Capacidade: 105 mil espectadores

Inaguração prevista: maio de 2022

Custos estimados: 400 milhões de euros

O Camp Nou vai fazer 60 anos e os planos de uma mudança ou remodelação profunda são antigos. Também chegou a ser ponderada uma mudança de local. Em 2007, a propósito do 50º aniversário do estádio, o Barcelona chegou a anunciar um projeto do arquiteto inglês Norman Foster.

O projeto não sairia do papel, mas o Barcelona voltaria a relançar a ideia. Agora vai mesmo em frente. O projeto vencedor do concurso para uma remodelação profunda do Camp Nou é da empresa de arquitetura japonesa Nikken Sekkei. Aquele que já é o maior estádio de futebol da Europa terá ainda maior capacidade, passa a poder juntar 105 mil espectadores.

O futuro estádio terá Camp Nou no nome, mas junto a outra designação decorrente da prevista venda do «naming». A capacidade será alargada dos atuais 99 mil para 105 mil espectadores, passará a ter todos os lugares cobertos e não terá revestimento exterior. O projeto inclui também um novo Palau de desportos. Em contrapartida, deixará de existir o Mini Estadi.

O projeto está pensado para que a equipa nunca deixe de jogar no Camp Nou durante as três épocas e meia em que durarem as obras. A ideia é que os trabalhos mais exteriores sejam feitos no decorrer da temporada e aqueles que envolvem o interior do recinto decorram no defeso.

 

Real Madrid

Capacidade: 84 mil espectadores

Inauguração prevista: 2020

Custo estimado: 400 milhões de euros

O projeto vem de 2014 e o acordo com a autarquia de Madrid foi anunciado em outubro do ano passado. Luz verde para um projeto do atelier alemão de arquitetura GMP que tornará o estádio 12 metros mais altos, para a instalação de uma cobertura totalmente retráctil.

A capacidade do estádio aumenta em três mil lugares e o projeto deverá incluir um hotel. Estava previsto também um centro comercial, mas não avançou.

O clube pretende começar as obras já neste verão e conclui-las em 2020.

Roma

Capacidade: 52 mil espectadores

Inauguração prevista: 2020

Custo estimado: 400 milhões de euros

O plano para a Roma deixar a casa que divide há mais de 60 anos com a Lazio, o Olímpico de Roma, chegou com os novos donos norte-americanos do clube, em 2012. A ideia é construir um novo estádio na zona de Tor di Valle, junto ao rio Tibre. O processo burocrático do Stadio della Roma ainda não está concluído, tem passado por uma série de embargos e alterações, mas deu recentemente mais um passo, com a aprovação pela autarquia da capital italiana.

O projeto do arquiteto americano Dan Meis existe há muito, para um recinto que vai buscar inspiração ao Coliseu de Roma. O Stadio della Roma, como a maior parte dos novos projetos, inclui áreas comerciais e também um centro de estágio onde a equipa passará a treinar.

Fiorentina

Capacidade: 40 mil espectadores

Inauguração prevista: 2021

Custo estimado: 420 milhões de euros

Também um projeto antigo da Fiorentina, com o projeto finalmente anunciado há duas semanas. Ainda muito para andar neste processo, que se insere na requalificação de uma zona a nordeste de Florença conhecida como mercafir, área de comércio grossista, e inclui uma zona comercial e várias outras infra-estruturas.

O projeto, que resulta de uma parceria do arquiteto Alberto Rolla e do grupo Arup, combina no interior a aparência do Matmut-Atlantique, o novo estádio do Bordéus, inaugurado em 2015, e no exterior semelhanças com o Arena de Munique. Também pretende que seja uma melhor experiência para os espectadores, com apenas sete metros a separar o relvado das bancadas.

Valencia

Capacidade: 61 mil espectadores

Inauguração prevista: 2021

Custo estimado: 300 milhões de euros

Um elefante branco, para já. O Nou Mestalla foi começado a construir em 2007, mas as obras pararam em 2009 por problemas financeiros. Lá continua o esqueleto, à espera de uma resolução.

O novo proprietário do Valencia, Peter Lim, tinha manifestado o desejo de conseguir reatar a construção do estádio para estar pronto em 2019, ano do centenário, mas a última atualização aponta para que isso aconteça apenas em 2021.

O plano original prevê a demolição do Mestalla.