1.º - Maradona. Só ele podia trazer Andrea Bocceli para o Mundial. Mas fez mais do que isso. Até no futebol argentino, que lançou para a frente e tornou admirável. Terminou goleado e por isso saiu num jogo histórico. Foi uma pena demasiado pesada, é verdade, mas pelo menos teve um mérito: poupou-nos à imagem de Maradona nu.

2.º - Casillas. Um campeão que ganha sempre por 1-0 só é possível com um grande guarda-redes. A Espanha teve esse grande guarda-redes: nos remates de Cardozo ou Robben, por exemplo. Pôs a Espanha a sorrir quando levantou a taça e o mundo a chorar quando beijou a namorada. Quando é que o futebol deixou de ser só para duros?

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3.º - Felipe Melo. Foi sempre o mais detestado dos jogadores brasileiros. Para todo os conterrâneos, menos um: Dunga. O seleccionador manteve-o no onze e... arrependeu-se. Fez um autogolo, agrediu Robben, recebeu o vermelho e precipitou a eliminação. «Felipe Melo não nasceu, ele foi expulso do útero», gozou o Brasil.

4.º - Domenech. Foi insultado por Anelka, o que transformou o avançado num dos jogadores mais queridos do futebol mundial. O resto foi desaire atrás de desaire. Greves, protestos e ameaça de agressões. Saiu da África do Sul corado de vergonha, depois de construir aquela que foi provavelmente a pior selecção francesa da história.

5.º - Polvo Paul. Foi a figura que mais emergiu do Mundial, entre todas as que não prendem telemóveis no peito. É verdade que é apenas um molusco, mas como todos os outros tem oito braços. O que é uma grande vantagem. Outra é que come sempre o mexilhão certo. Já anunciou a retirada e deixa saudades: fez um Mundial brilhante.

6.º - Forlán. Foi com alguma surpresa nomeado o melhor jogador do Mundial, o que até pode ser discutível mas só serve para sublinhar o excelente campeonato que fez. Carregou a selecção uruguaia às costas, até ao quarto lugar. A trave impediu-o de ambicionar mais e impediu-o também de sair como melhor marcador da prova.

7.º - Larissa Riquelme. Era apenas mais uma entre tantas modelos, até que a inspiração encontrou-a a meio do caminho: por que não prender o telemóvel entre os seios?, pensou. O resto é futebol: vestiu as cores do Paraguai, aproveitou o muito talento que Deus (ou o dinheiro) lhe deu e fez um campeonato em crescendo. No fim foi campeã, claro.

8.º - Sneijder. Arriscou-se a ganhar tudo numa temporada: a nível de clubes já tinha arrecadado todos os troféus, na selecção chegou até à final. Um golo a quatro minutos tirou-lhe o título mais desejado, mas apenas isso. Marcou cinco golos, foi o segundo melhor jogador do Mundial e afirmou-se como um craque de nível planetário.

9.º - Thomas Mueller. Vestiu a camisola 13 da Alemanha com o nome Mueller por cima para igualar o feito do lendário Gerd Mueller e sagrar-se melhor marcador do Mundial. Só lhe faltou o título mundial que o compatriota ganhou em 74. Não chegou para tanto, mas bastou para se afirmar como o melhor jovem da prova.

10.º - Vuvuzela. Dizem que é originária de tribos ancestrais, mas o Mundo só a descobriu agora. Descobriu-a da pior maneira, aliás: aos berros. Criou controvérsia e até foi motivo de agressões. Só os árbitros, no fundo, é que não se queixaram. O que é compreensível: o som das vuvuzelas não é um insulto para a mãe de ninguém.