Neste sábado, a selecção do Brasil joga com a Holanda o seu último jogo no Campeonato do Mundo. Depois da decisão do terceiro e quartos lugares do Mundial deverá ficar esclarecido também o futuro da próxima comissão técnica da canarinha.

Luiz Felipe Scolari ficou debaixo de fogo depois da goleada sofrida pelo Brasil com a Alemanha. A sua saída parece estar só à espera do apito final no jogo da consolação. Mas a derrota histórica que selou o destino do Brasil na sua Copa despertou também o reconhecimento de uma «mudança radical», desde o futebol de formação até à escolha de um estrangeiro para comandar o escrete.

Paulo Autuori também analisou para o Maisfutebol as questões que agora se levantam no Brasil e que só esperam pelo ponto final no Campeonato do Mundo para se fazerem debater. O treinador carioca que treinou quatro clubes em Portugal (V. Guimarães, Nacional, Marítimo e Benfica) foi cirúrgico na sua análise: «Infelizmente, o futebol brasileiro está atrasado taticamente em relação ao europeu. E isso tem muito a ver com a minha classe.»

«Os nossos preparadores físicos, fisioterapeutas e treinadores de guarda-redes são top, estão entre os melhores do mundo. Já os nossos treinadores ficaram para trás. Muito por arrogância. Acham que sabem tudo, que são donos da verdade», afirmou numa análise enviada por correio eletrónico.

Paulo Autuori reconhece que «trabalhar no Brasil não é fácil». Mas é contra fundamentalismos; que, a ver por muitas apreciações, podem ter os dias contados: «Dizer que um técnico estrangeiro não teria sucesso aqui é um pouco demais.»

«A gente espera que esse resultado diante da Alemanha possa ser o início de uma mudança drástica no nosso futebol», assume Autuori garantindo que «tudo passa pela palavra planeamento». «O nosso calendário também precisa de ser revisto. Sem falar na importância de se trabalhar melhor as categorias de base, onde tudo começa», conclui o treinador brasileiro.