*Enviado-especial ao Brasil

Enquanto as seleções de Irão e Nigéria se preparavam para entrar em campo e fazer bocejar o mundo, a alguns quarteirões de distância, e separados do estádio pelos cordões da tropa de choque, cerca de 300 manifestantes organizavam um protesto contra a realização do Mundial e a influência da FIFA. O evento terminou, segundo informação das autoridades policiais do Paraná, com a detenção de 14 pessoas, duas delas menores, por atos de vandalismo: vidros partidos e pichagens em três agências bancárias e uma estação de autocarro.

Foi o terceiro – e o mais visível – evento paralelo no dia que marcou a estreia da prova em Curitiba. Antes, pela manhã, tinha havido uma manifestação de organizações LGBT contra a homofobia em países que participam no Mundial – Irão e Nigéria, com várias centenas de adeptos na cidade, eram os alvos mais óbvios e próximos, mas as críticas, sob o lema «No país da Copa, homofobia não rola», também se dirigiam aos governos de Rússia e Argélia, cujas seleções jogam nesta terça-feira.

Depois de um segundo protesto, ainda pouco participado, a manifestação principal sob o mote «Não vai ter Copa» começou uma hora antes da hora marcada para o pontapé de saída, e teve o momento mais quente num dos pontos de tráfego mais intenso, o cruzamento das avenidas Sete de Setembro e Floriano Peixoto, em frente a um dos centros comerciais mais frequentados da cidade. Aí, os manifestantes fecharam os cruzamentos, ateando fogo a sacos do lixo. Segundo informações policiais, três agências bancárias e uma estação de autocarro tiveram os vidros partidos à pedrada.

Os protestos tinham como mote a corrupção e alegados atos de «limpeza» artificial da cidade de Curitiba, como a retirada de sem-abrigo das ruas mais frequentadas. A intervenção da polícia de choque fez dispersar a manifestação ainda antes do final do jogo no Arena da Baixada: quando os adeptos e jornalistas deixaram o estádio rumando ao centro da cidade, já tudo parecia ter voltado à normalidade.