*Enviado-especial ao Brasil

Carlos Queiroz foi aplaudido energicamente pelos jornalistas iranianos quando passou pela zona mista. E não podia haver contraste mais flagrante com algumas perguntas críticas com que tinha sido confrontado na sala de imprensa, em alusão às vaias que os adeptos brasileiros dirigiram às equipas. Tal como tinha acontecido na véspera, o técnico português não gostou: «Não viemos aqui para sermos perdedores simpáticos e alegres, esse é um papel que deixamos para outros. Viemos ao Mundial para jogar com honra e orgulho, se tivermos de lutar em todos os jogos como lutámos hoje, assim faremos», frisou.

Depois de outra pergunta no mesmo tom, sobre o facto de os adeptos neutrais não se identificarem com a forma de jogar do Irão, Queiroz voltou à carga: «Se o estádio estivesse cheio só com adeptos iranianos não haveria vaias. Aqui, havia quem apoiasse a Nigéria e por isso estava contra nós, e outros, que não entendem o que esta equipa tem de trabalhar para poder competir a este nível. Daqui por uns oito anos, quando o Irão tiver estrelas no Real Madrid, Barcelona ou Liverpool, talvez possamos fazer o que o público quer.  Preferem ver 4 golos ou 5 golos, eu percebo isso, mas eu prefiro ir para casa com um ponto », insistiu. 

Houve ainda uma terceira pergunta, sobre a forma como a equipa festejou, apesar de o jogo ter acabado sem golos e Queiroz respondeu com uma pergunta retórica: «Celebrámos o nosso desempenho, não o empate. O Irão defendeu, foi uma equipa realista, mas sempre com a baliza da Nigéria na mente, nunca deixámos de pensar em marcar. O futebol, por vezes, quando jogado com grande atitude, também pode ser atrativo, mesmo sem golos. Por esse tipo de pergunta, parece que querem expulsar estas equipas, asiáticas e africanas do Mundial, e Europa e América do Sul ficam a jogar sozinhas. Não é isso que querem, pois não?», concluiu.