Artigo original publicado a 19 de junho de 2014

*Enviado-especial ao Brasil
 
Primeiro as apresentações. Conhece o Ibis Sport Clube? Não? Não sabe o que perde.

Trata-se de um clube da zona de Pernambuco que ganhou fama no Brasil na década de 80 por uma série incrível de desaires. Esteve tanto tempo sem ganhar (quase quatro anos), que, em jeito de brincadeira, começou a ser chamado de «pior equipa do mundo». Os próprios adeptos e responsáveis acharam graça e adotaram a ideia.

Hoje, o Ibis até ganha de vez em quando, mas continua a ser conhecido como «a pior equipa do mundo». E não se queixa. Pelo contrário. Usa a ideia como manobra de marketing e tem um slogan que diz tudo: «Nada pode ser pior».

Ora, e o que tem o Ibis a ver com o Mundial do Brasil? A verdade é que os responsáveis do clube estão atentos a tudo o que se está a passar no país e o desempenho da Espanha não passou ao lado.

Com duas derrotas e sete golos sofridos e apenas um marcado em dois jogos, o Ibis acha que o seu estatuto pode estar ameaçado. Foi, pelo menos, essa a ideia que Israel Leal, um dos responsáveis pelo marketing do clube, passou em conversa com o Maisfutebol.

«Até agora a seleção que tem feito mais para rivalizar com o Ibis é a Espanha. É preocupante para nós. O Ibis joga na II Divisão e não aparece muitas vezes na comunicação social. A Espanha está lá sempre. Todos vão ver como eles jogam. Acho que é uma ameaça séria», comenta.

O tom é, claro está, irónico. Aliás, a boa disposição é uma constante neste clube que vive e ganha adeptos por isso mesmo.

«Mal terminou o jogo com o Chile criámos a Ibiespanha, na internet. Acho que é justo», acrescenta.

«Se Ronaldo ficar em branco vamos apresentar uma proposta por ele»

Portugal, contudo, não pode rir-se muito do vizinho. A entrada desastrada no Mundial, com a goleada sofrida frente à Alemanha, não escapou ao olhar atento do Ibis.

Israel Leal avisa que vão estar atentos ao jogo de domingo, com os EUA. «Já criámos a Ibiespanha, se calhar vamos criar também a Ibiportugal ou Portugalibis. Se perder, já sabem. Vai haver zoação», alerta.

«Ah e outra coisa. Vamos estar atentos ao que fará o Cristiano Ronaldo. Se voltar a ficar em branco achamos que já fez o suficiente para jogar no Ibis na próxima época. Vamos apresentar uma proposta», diz, entre risos.

Seleção preferida é o Japão

Antes de a bola começar a rolar, contudo, o Ibis já tinha um país para apoiar. A escolha caiu no Japão e assim nasceu a Japibis, claque oficial do clube para a seleção nipónica.

«No ano passado, na Copa das Confederações, adotamos o Taiti porque consideramos que era a pior equipa. Criámos a Taitibis, uma claque de apoio à equipa. Neste Mundial achámos que, à partida, não havia uma equipa que se destacasse por ser mais fraca», explica.

Então porquê o Japão? «Em vez de escolhermos a seleção mais fraca, fizemos uma escolha por simpatia», frisa.

«Alguns colegas japoneses pediram para apoiarmos o Japão. O povo é simpático e na altura houve aqui em Recife um Itália-Japão que ficou 4-3. Gostamos da ideia e criámos a Japibis», acrescenta Israel Leal.

E que não se pense que o apoio é meramente moral. Há investimento na ideia. «Criámos material de propaganda. Camisas, bandeiras…Conseguimos reunir um grupo de 70 pessoas e levamos a nossa claque, a Japibis, até Fortaleza onde foi o jogo com a Costa do Marfim. Acabou por correr mal, não demos sorte. Se calhar é a maldição do Ibis», lamenta.

«Conseguimos entregar uma camisola ao Honda, que acabou por marcar o golo. Se calhar só demos sorte a ele mesmo», remata.