Será o desfecho mais surpreendente do Campeonato do Mundo, a par da sensacional Costa Rica, e o destino vai juntar os dois nos oitavos de final. Contra todas as previsões, a Grécia, que ainda não tinha marcado um golo nesta fase final, qualificou-se com uma grande penalidade convertida em tempo de compensação, depois de ter permitido o empate diante da Costa do Marfim (2-1). Fernando Santos, que estava debaixo de fogo da imprensa helénica, é o primeiro [poderá mesmo ser o único] português nos oitavos de final no Brasil.

Confira a FICHA DO JOGO

A Grécia entrou em campo depois de uma difícil conferência de imprensa de Fernando Santos. A verdade é que o Mundial não estava a correr nada bem e, tal como Paulo Bento, o treinador português estava a ser questionado. Com uma derrota diante da Colômbia (0-3) e um empate feliz diante do Japão (0-0), em duas exibições medíocres, a Grécia ainda não tinha marcado um golo. A imprensa helénica queria explicações e o treinador português irritou-se.

Num percurso semelhante ao português, o desenrolar deste terceiro jogo até estava a ser parecido com o jogo de Portugal frente aos Estados Unidos, ao nível dos problemas físicos. Holebas foi o primeiro a queixar-se, mas Kone e o guarda-redes Karnesis tiveram mesmo de sair pouco depois dos vinte minutos de jogo. Nada corria bem à Grécia, a não ser o facto de estar a conseguir suster as investidas de Kalou, Gervinho e Drogba, este último pela primeira vez titular no Brasil.

As primeiras boas notícias para Fernando Santos chegavam de Natal. A Colômbia estava a ganhar ao Japão e, assim, um golo, o primeiro, seria suficiente para a Grécia seguir em frente para a próxima fase. Tudo podia mudar num pontapé, mas como a Grécia estava a jogar, a «quilómetros» da baliza de Barry, isso parecia um objetivo inalcançável. Mas não impossível, como Holebas fez questão de o mostrar, aos 33 minutos, com um remate à barra na sequência de um rápido contra-ataque. O caminho estava exposto e, dez minutos depois, um erro crasso de Tioté, permitiu a Samaris, o jogador que Fernando Santos lançou para render Kone, saiu disparado, combinou com Samaras e atirou a contar.

De repente, a Grécia estava com um pé nos oitavos de final. O Japão também marcou antes do intervalo, mas era a formação helénica, com quatro pontos, que estava mais perto de seguir para a próxima fase. Mas ainda faltavam 45 minutos e a Costa do Marfim precisava apenas de um empate. Ainda havia muito para sofrer.

Sonho desfeito, sonho refeito

A Costa do Marfim entrou para a segunda parte determinada a mudar o resultado, mas a verdade é que a Grécia, bem arrumada em termos defensivos, contou com novas oportunidades soberanas para voltar a marcar. Salpingis obrigou Barry à defesa da noite e, logo a seguir, Karagounis voltou a acertar na barra. Lazaros, na marcação de um livre também podia ter feito o 2-0, numa altura em que Sabri Lamouchi arriscava tudo no ataque para a última meia-hora, colocando Bony a jogar com Kalou, Gervinho e Drogba.

A Grécia foi obrigada a encolher-se e acabou por consentir o empate, aos 73 minutos. Boa abertura de Kalou, Gervinho recebeu na área serviu Bony. Tudo muito fácil. Num ápice o sonho dos gregos desfazia-se. A festa era agora dos africanos e Barry até comia relva no meio dos festejos.

A Grécia ainda partiu para um último esforço com Gekas a render o esgotado Karagounis, mas parecia ter esgotado todas as suas munições num remate de Torosidis ao poste. Era o terceiro remate dos gregos nos ferros e o tempo estava a chegar ao fim, mas a tragédia, desta vez não foi grega.

Num lance que nem parecia muito perigoso, Sio, que tinha entrado há poucos minutos, faz falta sobre Samaras na área e a esperança grega renasceu. Com um país inteiro sobre as costas, o avançado grego atirou com confiança para as redes e a Grécia subia mesmo ao Olimpo. Quem diria?