Portugal não passou da fase de grupos no Mundial, mas Paulo Bento garantiu, desde logo, que se manteria no comando técnico da equipa. Em entrevista ao Maisfutebol e à TVI, Ricardo Quaresma aborda a continuidade do selecionador, o peso que é colocado sobre os ombros de Ronaldo e a renovação da Seleção.

Como viu a prestação da Seleção e de Cristiano Ronaldo?
«É complicado. Quando as coisas correm mal poderíamos falar de «n» coisas, mas acho que não podemos meter só pressão no Cristiano. Ele não joga sozinho. Acho que nós, portugueses, colocamos demasiada pressão em apenas um jogador. A seleção não é só o Cristiano. Nenhum jogador no mundo consegue resolver um jogo, se não tiver os colegas atrás. Acho que nisso nós, portugueses, falhámos, porque metemos demasiada pressão só num jogador. Acho que também falhámos, porque todos os outros jogadores que estão ao lado do Cristiano, se calhar, não se sentem bem de falarem só num jogador e não falarem no resto do plantel. Neste momento, acho que não vale a pena falar muito. Temos é de continuar a fazer o nosso trabalho e esperar que, em setembro, possamos voltar a ser o que éramos, uma boa equipa, uma boa seleção e passarmos por cima disto.»

Mas, olhando para os três jogos, as lesões, as arbitragens, como viu a participação de Portugal?
«Poderia falar muita coisa, mas não é o momento certo. Nem sou eu a pessoa indicada para falar. Deixo isso para os críticos. Acho que toda a gente viu o que se passou com a Seleção.»

A continuidade de Paulo Bento é benéfica para a Seleção?
«Se o selecionador acha que tem qualidade e talento para voltar a pôr a equipa a jogar e a alcançar os objetivos que todos nós, portugueses, esperamos, por que não? Não sou eu que tenho de dizer se é bom ou mau. Estão pessoas na Federação para tratar desse tipo de coisas. O próprio Paulo Bento já disse que não irá sair. Desejo-lhe a maior sorte do mundo, assim como à Federação, porque não tenho problemas com ninguém. O bem da Seleção é o bem de todos nós, portugueses.»

Paulo Bento admitiu que tem de ser feita uma renovação gradual da Seleção, sendo que a idade não será um critério de escolha. É esse o caminho a tomar?
«O melhor agora é sentar e perceber o que correu mal. Depois disso temos de fazer algo para passar por cima do que correu mal. Acho que isso da idade não tem nada a ver. Se olharmos para a Itália ou a Inglaterra, têm grandes jogadores e quase todos eles já têm 30 e poucos anos. Nós, os portugueses, temos a mania de que quando um jogador chega aos 30 anos já está velho, já está acabado. Acho que não é bem assim. Um jogador quando chega aos 28/30 anos é quando está no seu auge. É quando já tens mais experiência, sabes aquilo que fazes, sabes aquilo que queres e acho que é nessa idade que podes fazer muita coisa bonita pelo futebol, seja pelo teu clube ou pela tua seleção. Acho que o Tiago é um grande exemplo. Com 33 anos fez a época que fez, ganhou o que ganhou e continua a ser um grande jogador. Agora, acho que quando uma pessoa abdica da Seleção tem de saber aquilo que quer e aquilo que faz. Não critico quem o faça, porque cada um faz o que quer e o que acha que deve fazer. É um jogador que muita gente gostava de ver novamente na Seleção, mas são opções que cada um toma na sua vida. Não acredito que o selecionador vá tirar tantos jogadores quanto as pessoas querem, ou que deixe de convocar jogadores já com 30 ou 32 anos, seja lá o que for, porque as pessoas pedem ou acham que estão velhos. Acredito que vai sentar-se e perceber o que correu mal para poder passar por cima disso.»

Depois deste Mundial, há razões para os portugueses estarem otimistas em relação ao apuramento para o Europeu de 2016?
«Acredito que sim. Temos de acreditar que é possível voltarmos a ser aquilo que sempre fomos. Temos condições para isso, temos talento, temos qualidade. Agora é colocar tudo isso dentro de campo e como equipa. Porque acho que sozinhos não vamos a lado nenhum.»