*Enviado especial ao Brasil

Foi amor à primeira vista. António Coradinho não tem dúvidas na hora de falar da paixão que o liga ao Brasil há 38 anos. Natural de Montemor-o-novo, mas residente em Cascais desde os três anos, mudou-se muito jovem ainda para Salvador da Bahia. Adorou e hoje divide o coração pelos dois países.

António Coradinho é presidente da Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia e conhece a região como qualquer brasileiro nascido e criado, por ali. Porque, se não nasceu, passou lá grande parte da vida.

«Estou no Brasil há 38 anos. Amor à primeira vista. Vinha cá passar um Carnaval e já 38 Carnavais», atira entre risos. «A minha mãe, que faleceu no ano passado, perguntava-me sempre: que Carnaval é esse que nunca acaba?», continua.

O que chamou a sua atenção no Brasil foi aquilo a que chama a «principal mercadoria do país».

«O Brasil tem excesso de uma mercadoria que falta na maior parte dos países: alegria. É uma mercadoria que nem sempre é fácil de encontrar mas aqui encontram, apesar de existir uma disparidade social muito grande. Isso tem de ser trabalhado. Mas o brasileiro, e o baiano, especialmente tem essa alegria muito grande», explica.

Vestido a rigor, com a camisola 7 de Cristiano Ronaldo, não esconde o orgulho de receber a seleção de Paulo Bento na sua cidade. E garante que toda a Salvador estará do lado lusitado.

«Os baianos estão com Portugal desde a primeira hora. Só se cruzar Brasil e Portugal é que vai ser complicado. Em 2006, quando o Brasil foi eliminado e Portugal continuou, senti-me quase um jogador porque toda a gente me dava os parabéns. Eles abraçaram a seleção portuguesa», garante.

Uma final entre Portugal e Brasil «era o sonho», mas a realidade dita que é um prognóstico difícil. «Portugal corre por fora, o Brasil é favorito. Mas ainda ontem tivemos uma surpresa [ndr. Goleada da Holanda a Espanha], quem sabe não tenhamos outra», comenta.

«Existe harmonia e isso é muito bom. Queremos que ganhe a língua portuguesa», completa.