Espanha venceu o Irão numa autêntica batalha em Kazan e subiu ao topo do Grupo B, somando agora quatro pontos – os mesmos que Portugal, que é segundo por causa de… um cartão amarelo, que para já serve de critério de desempate.

Esta noite, Queiroz ergueu um muro que só Diego Costa conseguiu detonar: num lance caricato, aos 54’, em que um corte de Ramin bate no joelho do hispano-brasileiro e acaba por derrubar a resistência persa.

Resistência foi a palavra-chave durante a primeira parte do jogo. A Espanha, que lançou Carvajal e Lucas Vázquez como novidades em relação à estreia contra Portugal, jogava futebol como se de andebol se tratasse: espaço ocupado ali em torno da grande área iraniana em constante circulação de bola. La Roja faz isso como nenhuma outra seleção no mundo, porém, o setor recuado do Irão estava mais sobrepovoado do que um bazar em hora de promoções.

Não havia espaço para o remate. Quando havia, aparecia um defesa iraniano pela frente – ou um médio, o que na prática ia dar ao mesmo. Tudo somado, no final oito dos 17 remates espanhóis foram bloqueados pela defensiva iraniana. Os restantes não acertaram no alvo ou esbarraram em Beiranvan, guarda-redes iraniano que fez uma grande exibição.

Depois do inesperado triunfo na estreia contra Marrocos, Queiroz apostou num 4-5-1 compacto e só no segundo tempo os espanhóis conseguiram ter algum espaço.

Isco é abre-latas. Cabia-lhe a ele inventar espaços; sobre a esquerda ou pelo corredor central. Piqué, que fez o jogo 100 pela seleção espanhola, farejou o golo num par de ocasiões, mas só o lance inusitado de Diego Costa, que já havia bisado contra Portugal, fez a diferença no marcador.

Irão-Espanha, 0-1: ficha e jogo ao minuto

Para este Irão, que defrontará Portugal na segunda feira, ainda com hipóteses de apuramento, a defesa é nuclear, mas também há armas para fazer mossa lá na frente. Apesar do domínio espanhol (70%-30% em posse de bola e 17-5 em remates), as ocasiões claras de golo dividiram-se.

Karim, com uma bomba, teve o golo nos pés, no lance que antecedeu o golo espanhol, e momentos depois Ezatolahi até chegou a introduzir a bola na baliza de De Gea, num golo anulado por posição irregular.

A estrela Alireza Jahanbakhsh entrou a um quarto de hora do final e logo no primeiro lance fez um cruzamento perfeito que quase valia o empate, não fosse o atraso na chegada de Mehdi, que falhou de forma ainda mais clamorosa a dez minutos do fim, numa jogada que começa num túnel de Amiri a Piqué que vai direitinho para a compilação com o «best of» deste Mundial.

À primeira parte previsível e de contenção seguiram-se 45 minutos exuberantes: da Espanha, como esperado, mas também do Irão, que se libertou das amarras após o golo sofrido.

A derrota faz a seleção de Queiroz cair para o 3.º lugar. A Portugal, depois do triunfo difícil contra Marrocos, basta empatar no jogo de segunda-feira para garantir a passagem aos oitavos de final do Mundial.

No entanto, desengane-se quem pensa em facilidades de uma seleção em todos os aspetos mais fraca do que a «equipa das quinas». Em Kazan, a seleção de Queiroz deixou um aviso para levar em conta, extensível a toda a Ibéria: este Irão que esteve perto de surpreender Espanha pode ser uma ameaça bem séria para Portugal.