Mehdi Carcela é provavelmente o jogador mais simpático da seleção marroquina. Depois de um jogo que correu mal à equipa, o que levou a maior parte dos atletas a passar pela zona mista zangados, o antigo extremo do Benfica foi de uma simpatia admirável.

Quando se lhe disse que era para Portugal, Carcela parou imediatamente e falou o tempo que foi necessário. Recordou Lisboa e o Benfica, confessou que gostava de voltar e elogio Sá Pinto.

«Foi uma experiência realmente agradável e adorei estar no Benfica. Foram tempos bons», começou por dizer.

«Por isso seria bom voltar a Portugal. Vamos ver. Agora estou no Standard Liège, mas nunca se sabe o futuro.»

Ora por falar em Standard Liège, importava saber de Sá Pinto. Carcela foi orientado pelo treinador português na última época, pelo que havia curiosidade em saber como foi a relação deles.

«Gostei muito de trabalhar com Sá Pinto. É um treinador muito bom, maluco como eu, por isso correu tudo bem. Gostei de estar com ele e entendemo-nos bem. Ele foi como um pai para mim, falava todos os dias comigo e ajudava-me. É um senhor, ama o futebol, dá a vida dele ao futebol e é um excelente profissional», sublinhou.

«Sá Pinto fez um trabalho muito bom. Fomos a melhor equipa do play-off, faltaram-nos dois pontos para sermos campeões. Recuperar a equipa como ele fez durante o play-off foi fantástico.»

Ora por isso, e na ressaca de um mês em que se falou muito da possibilidade de Sá Pinto ir para o Sporting, impunha-se também perguntar se Carcela via no treinador talento para um grande.

«Acho que o Sá Pinto tem capacidades para trabalhar num grande de Portugal, sim. Ouvi dizer que o Sporting andava a falar com ele e acredito que ele faria um excelente trabalho lá. Mas seja no Benfica, no Sporting, enfim, ele iria fazer um bom trabalho em qualquer grande de Portugal.»

Depois de percorrido o passado recente de Carcela, faltava faltar do presente. E o presente é o Mundial, e o afastamento prematuro de Marrocos ao fim de duas derrotas em dois jogos.

«Fizemos um bom jogo hoje, mostrámos que temos uma equipa de facto muito boa, mas não tivemos sorte nenhuma», frisou.

«Numa competição como um Mundial os jogos são decididos em pequenos detalhes e foi isso que fez a diferença nos dois jogos de Marrocos.»

Por fim, perguntou-se a Carcela se tinha ouvido Amrabat queixar-se de que o árbitro pediu a camisola a Pepe, ainda antes do jogo começar, numa polémica lançada pelo extremo do Leganés.

«Amrabat disse-me que ouviu o árbitro dizer a Pepe que queria a camisola dele. Não sei...»

E lá foi Carcela: ele que foi o último a sair da zona mista, mas ainda teve tempo para Portugal.