Finalmente, um dia em que a lógica imperou no Mundial da Rússia. Não que as coisas tenham sido tão lineares como os resultados finais mostram, mas Brasil e Bélgica marcaram mesmo encontro nos quartos de final, deixando pelo caminho o México e o Japão, respetivamente.

E tudo começou em Neymar. Na primeira aparição da estrela brasileira em pleno, o Brasil derrubou o muro mexicano com um grande contributo do jogador do Paris Saint Germain. Com um golo e uma assistência para Firmino, tudo na segunda parte, Neymar traduziu no resultado o favoritismo que era atribuído ao escrete antes da partida.

Isto, apesar da melhor entrada da equipa liderada por Juan Carlos Osorio, que nos primeiros minutos colocou em sentido o super-favorito Brasil. Com o desenrolar do tempo, porém, foi o guarda-redes Ochoa que segurou enquanto conseguiu o nulo, desfeito aos 51 minutos. Por Neymar, pois claro.

Em vantagem, o Brasil mostrou uma das suas mais recentes facetas, o rigor defensivo, antes de, em cima do apito final, voltar a surgir Neymar a rematar para o desvio infrutífero de Ochoa para o pé de Firmino matar a esperança mexicana.

Segue o Brasil para os quartos de final, onde chegou nas últimas sete edições de Mundiais, exatamente as mesmas em que o México cai nos oitavos de final.

Tudo isto, num jogo em que se escreveu mais história: a coletiva, de um Brasil que ultrapassou a Alemanha como equipa com mais golos em fases finais (227); e a individual, de Rafa Marquez que, aos 39 anos e no quinto Mundial, deixou para trás Maradona como o jogador que mais vezes envergou a braçadeira de capitão em Mundiais (17).

Histórica foi também a recuperação que a Bélgica fez para eliminar um surpreendente Japão. Se é verdade que os Diabos Vermelhos partiam como claros favoritos ao apuramento, não é menos verdade que os nipónicos estiveram perto de chamuscar essa certeza. No final, porém, tudo se esfumou no último minuto de descontos e a Bélgica segue mesmo em frente.

Um cenário algo inesperado para quem só tenha visto o jogo até aos 65 minutos. Depois de ter aguentado todas as investidas belgas na primeira parte, o conjunto asiático colocou-se a vencer por dois golos de diferença em menos de dez minutos do segundo tempo e as coisas pareciam muito tremidas para equipa orientada por Roberto Martinez.

Muito mérito dos nipónicos, diga-se, que aproveitaram muito bem um contra-ataque para chegar à vantagem por Haraguchi e viram Inui aumentar a vantagem com um excelente remate à entrada da área.

Só que numa equipa com qualidade que nunca mais acaba, o treinador da Bélgica foi ao banco buscar os dois homens que revolucionaram a partida: Fellaini e Chadli.

Foi Vertonghen quem reduziu a desvantagem à entrada dos últimos 20 minutos, para o médio do Manchester United empatar cinco minutos depois e Chadli dar a estocada final quando muitos já esperariam o prolongamento.

Tudo começa, porém, num canto kamikaze do Japão, no último minuto dos descontos. Em vez de tentar segurar a bola, a equipa asiática foi mais ambiciosa, subiu os seus homens e com isso abriu as fileiras para um contra-ataque da Bélgica que matou a aspiração nipónica de chegar pela primeira vez aos quartos de final.

FIGURA DO DIA: Neymar. Começou o Mundial limitado, foi crescendo ao longo da fase de grupos e parece estar a chegar ao ponto ideal para liderar o Brasil ao que todo os brasileiros desejam que seja o hexa. Diante do México, iniciou e concluiu a jogada do 1-0 e fez quase todo o trabalho que resultou no 2-0, assinado por Firmino, que só teve de empurrar para a baliza deserta.

FRASE DO DIA: «Neymar está mais tempo no chão do que a jogar». O reverso da medalha de um jogador genial que se perde demasiadas vezes em situações de que não precisa. As estatísticas mostram que ele é mesmo um dos jogadores que mais faltas sofre no Mundial, só que não poucas vezes deixa-se enrolar em teatralizações que acabam por ridicularizar um jogar que é, de facto, genial. Hoje, além de Layún, com a tirada escolhida para este espaço, também Tite chamou o jogador à atenção.

IMAGEM DO DIA: O Japão vergado ao peso de quase ter feito história na Rússia. O apuramento inédito para os quartos de final esteve próximo, mas o sonho que chegou a parecer tão próximo quando a equipa vencia por 0-2, terminou de forma abrupta no último lance do jogo. Um castigo demasiado pesado para uma equipa que deixa muito boa imagem.