Não sei se o leitor de se lembra, mas havia um sketch dos Gato Fedorento que entrevistava um jovem chamado Orlando Fonseca, que tinha ganho o prémio revelação para jovens empresários.

Orlando Fonseca era um jovem empreendedor que tinha inventado o lusco fusco. Eram cinco, sete minutos, não mais, dizia ele, entre o fim do dia e o início da noite, para o pessoal se divertir.

Ele próprio era um lusco fusquívago e tinha-se tornado o primeiro empresário do lusco fusco. Como já havia muitos empresários da noite, ele decidira inovar. Naturalmente era um grande admirador de Kinshasa, que era por aquela altura a capital mundial do lusco fusco.

Ora para os empresários do lusco fusco que possam ser leitores do Maisfutebol, eu tenho uma dica: venham para a Rússia. Dificilmente vão encontrar um lusco fusco tão comprido como este.

Se em Portugal são cinco, sete minutos, aqui são pelo menos cinco, seis horas. Agora imaginem o aumento de faturação.

Basicamente é a noite toda. Por volta das 21 horas desaparece o sol, que só regressa às três da manhã. O mais curioso é que entre uma coisa e outra, nunca é verdadeiramente noite.

Devido à posição do hemisfério norte relativamente ao sol, os dias nesta parte da Europa são nesta altura anormalmente longos. E as noites nunca o chegam a ser de facto. É um lusco fusco, lá está.

Há colegas jornalistas que se queixam, dizem que lhes falta a escuridão, o breu da noite, e que a luz que entra pelas janelas interrompe o sono repousante. Não vou por aí. Gosto do lusco fusco. Sinto que Moscovo, Saransk, Kratovo ou Sochi podia perfeitamente ser a atual Kinshasa. Se houvesse gente empreendedora como Orlando Fonseca na Rússia.

Para além disso, o céu fica sempre deslumbrante.