Saransk encheu-se por estes dias de iranianos. Exatamente como o Estádio Luzhniki já se tinha enchido de marroquinos e Sochi já se tinha enchido de espanhóis.

Parece sina, esta coisa de Portugal estar condenado a jogar sempre fora de casa na Rússia.

Mas Saransk encheu-se de iranianos, como dizia, sendo de esperar entre 15 e 20 mil esta noite na Arena Mordovia. Tomaram por isso conta da cidade e espalharam cor, hijabs e rezas.

Espalharam também confiança.

É incontornável, os iranianos estão muito confiantes. Não é arrogância, não é sobranceria. É mesmo confiança. Até porque eles são pessoas afáveis, gentis e amigas. Mas muito otimistas.

Gostam muito de Cristiano Ronaldo, todos dizem que é um ídolo no Irão, e dizem ter uma afinidade com Portugal por isso e por Carlos Queiroz, que é uma espécie de herói para os iranianos.

Mas a simpatia termina quando a conversa se torna o jogo desta noite. Nessa altura tornam-se seguros, firmes e determinados. Verdadeiramente destemidos.

Fala-se com uns e dizem que vão ganhar. «3-0», atiram, com ar sério.

Fala-se com uma família que veio de Washigton e a conversa vai dar ao mesmo lado. «Quanto acha que vai ficar o jogo?», pergunta um. O jornalista responde que empate ou vitória para Portugal. O iraniano parece não gostar da resposta. «Mas viu o jogo com a Espanha?», interroga.

Devolvi que sim, que vi, e que sei que vai ser difícil. «O Irão está muito forte», insiste ele.

Está sim senhor. Mas convém não esquecer o essencial. Vocês ainda são o Irão e nós ainda somos Portugal. O resto logo se vê. Literalmente.

«Czar ao jogo» é um espaço de opinião do editor Sérgio Pereira, enviado-especial do Maisfutebol ao Mundial 2018, na Rússia