Ha apenas três anos estavam no topo do Mundo. Foram, respetivamente, o 3º e 2º classificados na última edição do Mundial. Em conjunto, somam oito finais de Mundiais. E, no entanto, se as qualificações para o Mundial-2018 acabassem agora, a Holanda estaria fora dos apurados para a Rússia e a Argentina estaria fora das quatro vagas diretas dos sul-americanos, sendo obrigada a participar num play-off.

Holanda e Argentina: 2014 foi há tanto tempo...

Nas mesmas circunstâncias dos argentinos estão, nesta altura, os campeões continentais da Europa (Portugal), da África (Camarões) e da zona asiática (Austrália).No entanto, estas não são as seleções em pior situação nesta fase da prova. Depois das jornadas desta semana, há 107 seleções que já estão matematicamente fora do Mundial. A 15 meses do arranque da fase final, na primeira edição de um Campeonato do Mundo em que todas as 211 federações da FIFA se inscreveram (embora Myanmar e o Zimbabué acabassem por ser afastados na secretaria), pode dizer-se que, literalmente, está meio Mundo de fora e o outro meio a querer entrar.

Numa altura em que apenas duas das 32 vagas estão ocupadas –na madrugada desta quarta-feira o Brasil tornou-se a primeira seleção a juntar-se à Rússia, mantendo o seu registo perfeito como única seleção totalista em fases finais – a corrida mantém em prova 102 equipas para 30 lugares. Vale a pena perceber como se distribuem geograficamente.

UEFA: 13 vagas, além do país organizador

Ponto de situação: 54 participantes, nenhum apurado nem eliminado.

Decorridas cinco das dez jornadas, matematicamente todos os 54 membros da confederação europeia podem ainda sonhar com a Rússia. No entanto, é razoável presumir que as seleções que nesta altura ainda não somaram qualquer vitória estão com pé e meio fora da fase final. Encontram-se neste caso Bielorrússia, Luxemburgo, Andorra, São Marino, Geórgia, Moldávia, Cazaquistão, Finlândia, Kosovo e ainda os casos especiais de Malta, Liechtenstein e Gibraltar, únicas três seleções europeias sem qualquer ponto somados.

Mesmo descontando estas 12 seleções, ainda teríamos de contar com 42 na corrida, e a forte possibilidade de surpresas, como o eventual afastamento da Holanda – semifinalista sem derrotas na última edição da prova. E esta seria a segunda grande competição consecutiva sem a laranja, depois do Euro-2016.

Robben e a Holanda em maus lençois

Se o apuramento acabasse agora: França, Suíça, Alemanha, Sérvia, Polónia, Inglaterra, Espanha, Bélgica e Croácia diretamente apuradas. Itália, Portugal, Grécia, Irlanda, Suécia, Irlanda do Norte, Islândia e Eslováquia no play-off para decidir quatro vagas e Montenegro excluído como pior segundo classificado. A título de curiosidade, dentro deste grupo só a Islândia seria uma estreia em Mundiais. Montenegro, Arménia e Albânia são outros potenciais estreantes ainda com ambições realistas de atingir a fase final.

CONMEBOL: 4,5 vagas

Ponto de situação: 10 participantes, Brasil já apurado, Bolívia e Venezuela já eliminadas.

A quatro jornadas do fim há sete candidatos para as restantes três vagas diretas, e ainda para o lugar que dá direito ao play-off intercontinental com o vencedor da confederação da Oceânia. Dos dez países da CONMEBOL, apenas um, a Venezuela, está por estrear-se em Mundiais. É certo que ainda não será desta.

Se o apuramento acabasse agora: Brasil, Colômbia, Uruguai e Chile com acesso direto à Rússia, Argentina no play off. Equador, Peru e Paraguai correm por fora.

Brasil, o primeiro a fazer a festa

CAF (África): 5 vagas

Ponto de situação: 54 participantes, 34 eliminados, nenhum apurado.

Há cinco grupos de quatro equipas, que apuram os primeiros classificados para a Rússia. Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe caíram nas fases anteriores, deixando Cabo Verde como única seleção africana lusófona ainda com ambições mundialistas. Mas as coisas não começaram bem: decorridas duas jornadas, os tubarões azuis são, a par do Congo, uma das duas seleções sem qualquer ponto somado. O Gabão, agora comandado por José Garrido, e o Burkina Faso, de Paulo Duarte, estão um pouco melhor.

Se o apuramento acabasse agora: RD Congo, Nigéria, Costa do Marfim, Burkina Faso e Egito estariam no Mundial. Apenas o Burkina Faso seria estreante, já que a RD Congo participou em 1974, sob a designação de Zaire. Tunísia, Guiné, Líbia, Camarões, Zâmbia, Argélia, Gabão, Marrocos, Mali, África do Sul, Senegal, Cabo Verde, Uganda, Gana e Congo ainda têm hipóteses, mas vão ter de recuperar pontos nas quatro jornadas finais.

Burkina Faso e Gana ainda estão na corrida

AFC (Ásia): 4,5 vagas

Ponto de situação: 46 participantes, 35 eliminados, nenhum apurado.

A fase final de apuramento consiste em dois grupos de seis equipas, que apuram diretamente os dois primeiros. Foram cumpridas sete jornadas, e a ronda desta terça-feira ditou o afastamento matemático da Tailândia, a primeira a juntar-se aos 34 eliminados das fases anteriores. Sobram 11 seleções com hipóteses, e a pole position é ocupada pelo Irão, de Carlos Queiroz que já só precisa de uma vitória nos últimos três jogos – e mesmo isso pode nem vir a ser necessário. A Coreia do Sul, outro cliente habitual das fases finais, também está bem encaminhada no grupo A. No grupo B, a corrida é mais equilibrada entre os pesos pesados Japão, Arábia Saudita e Austrália.

Se o apuramento acabasse agora: Irão, Coreia do Sul, Japão e Arábia Saudita iriam diretamente à Rússia. O estreante Uzbequistão iria decidir com a Austrália uma vaga no play-off continental com o quarto classificado das CONCACAF. Emirados Árabes, Iraque, Síria, China e Qatar (o organizador do Mundial 2022, convém lembrar) correm por fora.

Irão: mais perto do que nunca

CONCACAF: 3,5 vagas

Ponto de situação: 35 participantes, 29 eliminados, nenhum apurado.

Seis seleções participam numa fase final, com dez jornadas. Até agora foram cumpridas quatro, e todas as seleções têm pelo menos uma vitória, o que as manterá na corrida pelo menos por mais duas rondas. O México é a única seleção com três vitórias e sem qualquer derrota. Das seis equipas nesta ronda final, apenas o Panamá seria estreante em Mundiais.

Se o apuramento acabasse agora: México, Costa Rica e Panamá apurados diretamente. Estados Unidos no play-off, com o quinto classificado da zona asiática. Honduras e Trinidad e Tobago correm por fora nesta altura.

México: liderança tranquila na sua zona

OFC (Oceânia): 0,5 vagas

Ponto de situação: 11 participantes, 7 já eliminados, nenhum apurado

Há dois grupos de três equipas que definem os finalistas continentais. Mas no grupo A já tudo ficou decidido, com a Nova Zelândia a confirmar o favoritismo e a deixar Nova Caledónia e Fiji fora das contas. No grupo B, o Tahiti falhou nesta quarta-feira o seu matchpoint, perdendo em casa o jogo que lhe daria o passaporte para a final. Assim, as Ilhas Salomão e a Papua Nova Guiné ainda sonham com… a meia vaga.

Se o apuramento acabasse agora: a Nova Zelândia, grande dominadora da confederação a partir do momento em que a Austrália se juntou à Ásia, defrontaria o Tahiti na decisão continental a duas mãos, marcada para agosto e setembro. Depois disso, o vencedor terá de defrontar o quinto classificado da CONCACAF.