Kasper Schmeichel é dos últimos a passar pela zona mista, no final do Dinamarca-França, e fá-lo em passo acelerado. Só faz uma paragem para falar com os jornalistas dinamarqueses e segue em frente em passo firme. Até que o Maisfutebol lhe solta um «Kasper, para Portugal».

O guarda-redes para novamente, olha e atira um «ok, três perguntas». No fim acabam por ser mais e não há tempo a perder. Schmeichel responde a tudo com abertura, e uma certa nostalgia.

Começa-se por se perguntar se ainda se lembra dos tempos que viveu em Portugal.

«Sim, claro que sim», atira.

«Já foi há muito tempo e foram apenas dois anos, mas ainda tenho algumas memórias desses tempos. Foi bom, foram bons tempos para mim. Foi a minha juventude, deu-me uma boa base de futebol, ganhámos o campeonato que disputámos esse ano, por isso foram bons tempos, sim.»

Kasper Schmeichel mudou-se para Portugal quando o pai trocou o Manchester United pelo Sporting. A família foi viver para Birre, perto de Cascais, e Kasper integrou os infantis do Estoril. Jogou dois anos no clube da Linha e chegou até a ser campeão distrital.

«Lembro-me bem do ótimo tempo que fazia em Lisboa. O tempo em Portugal é algo de que definitivamente sinto muita falta», acrescenta.

«Gostava de treinar na praia, era algo muito divertido. Muitas vezes íamos fazer um treino na praia e eu gostava muito desses tempos. Era algo a que não estava habituado. Também gostava de jogar na areia e lembro-me dos rapazes, fui bem-recebido e tínhamos uma boa relação.»

Kasper foi para Portugal atrás do pai, que levou toda a família com ele, mas não gosta de falar disso. Peter Schmeichel é um nome, aliás, que não gosta de ouvir nas perguntas.

O guarda-redes do Leicester continua a ser, para a esmagadora maioria das pessoas, o filho de Schmeichel, o que para um homem de 31 anos, e pai de dois filhos, se torna desagradável.

Ora por isso quando se lhe pergunta pelo pai, a resposta vem embrulhada num sorriso.

«Próxima pergunta», atira.

Passemos então à próxima pergunta. Onde lhe parece que Portugal pode chegar neste Mundial?

«Portugal é campeão europeu, por isso pode fazer alguma coisa de especial, sem dúvida. Têm aquele que é provavelmente o melhor jogador do mundo e quem tem Ronaldo tem todas as possibilidades de ser campeão.»

Faltava perguntar pela Dinamarca. A seleção nórdica apurou-se para os oitavos de final, depois de um nulo com a França, naquele que terá sido o pior jogo do Mundial 2018, pelo que a partir de agora todos os sonhos são possíveis. Palavra de quem foi campeão inglês... pelo Leicester.

«Acho que desde que a época em que o Leicester foi campeão toda a gente pode acreditar em milagres», começa por dizer. «A Dinamarca ser campeã mundial seria mais um milagre, mas depois do que fizemos com o Leicester, por que não acreditar?»

O jogo com a França não terá trazido muitos fãs para a Dinamarca, nem para a França, adianta-se. O primeiro nulo do Mundial, depois um encontro muito fraco, ainda estava vivo na memória.

«As pessoas querem ver um bom jogo, querem ser entretidas, mas nós estamos aqui para alcançar um objetivo antes de tudo o mais», responde.

«Fizemos um jogo muito profissional, um jogo pragmático. Nunca soubemos qual era o resultado do Peru-Austrália, por isso o nosso objetivo foi sempre conseguir um empate que nos garantia de imediato o apuramento.»

Obrigado, Kasper. E um abraço.