Figura: Cristiano Ronaldo
Quem mais? Ronaldo foi tudo, e mais um pouco. Foi eu, foi você, leitor, foi todos nós, foi Portugal. Foi a finta sobre Nacho, a sofrer o penálti, foi o primeiro golo da marca de nove metros, foi também o segundo golo, num frango de De Gea, foi uma assistência açucarada que Guedes desperdiçou e foi um livre perfeito em cima do apito final. Foi Portugal inteiro. Foi enfim o nosso direito de sonhar.

Positivo: Diego Costa
Tem um estupor de um feitio difícil de violentar, como um dia disse Dias da Cunha, mas compensa tudo isso com golo. Fez o primeiro, após o que parece ser uma falta sobre Pepe, e fez o segundo, ao fugir a João Moutinho para encostar à boca da baliza. Chato, cansativo, impertinente, conflituoso, sim, tudo isso é verdade. Mas quando Diego Costa responde com golos, há pouco a argumentar.

Negativo: Gonçalo Guedes
Um jogo para esquecer e que não serve de prova, definitivamente, para o talento dele. Esta noite, tudo pareceu sair-lhe mal. Falhou, por exemplo, escandalosamente na cara do golo uma assistência de Ronaldo, e falhou mais tarde na cobertura defensiva, perdendo nas alturas para Busquets servir Diego Costa. A assistência para Ronaldo fazer o segundo não chega para compensar estas falhas.

Portugal-Espanha, 3-3 (crónica)

OUTROS DESTAQUES:

Bruno Fernandes
Foi titular no lugar que se esperava de João Mário e fez por justificar a aposta. Absolutamente deliciosa, por exemplo, a abertura para Ronaldo servir o golo da Guedes numa bandeja, para o avançado desperdiçar. Mas Bruno Fernandes foi mais do que isso: foi nervo, competência e talento.

Bernardo Silva
Um caso de talento ímpar nesta Seleção: a bola sai sempre redondinha dos pés dele. É certo que entrou menos em jogo do que devia, muito preso a obrigações defensivas, na proteção do flanco mais explorado pela Espanha, mas quando teve liberdade foi ele próprio: inteligência sublime.

José Fonte
Andou literalmente aos papéis no primeiro golo de Diego Costa, caindo para um lado e para outro conforme o avançado dançava à frente dele, até encontrar espaço para o remate. Uma falha feia, é certo, mas que foi a única. Até porque no resto do jogo, o central foi o mais acertado da defesa.

Isco
A Espanha assenta muito do seu jogo nos três homens do meio campo que apoiam o avançado: David Silva, Iniesta e Isco. Tanto talento junto. Tocam, fogem, recebem, entram, enfim. Esta noite, porém, Isco pareceu sempre ser um pouco mais que os colegas: mais interventivo e ousado.