É em Ciudad del Este, no cruzamento das fronteiras de Paraguai, Brasil e Argentina, que se dá na noite desta quinta-feira o pontapé de saída para a corrida ao maior Campeonato do Mundo de sempre. A América do Sul é a primeira confederação a entrar em campo na qualificação para o Mundial 2026, menos de nove meses depois da consagração da Argentina no Qatar.

Na próxima madrugada, além do Paraguai-Peru (23h30), joga-se o Colômbia-Venezuela e entram em campo os campeões do mundo, que recebem o Equador a partir da 01h00, hora de Portugal continental. Na primeira partida oficial depois do título mundial, a albiceleste continua a ser liderada por Lionel Messi, ainda a alimentar as dúvidas sobre se jogará mais uma fase final do Mundial, ele que terá 39 anos no verão de 2026.

O próximo Mundial, o primeiro organizado em conjunto por três países, vai passar por aquela que é agora a «casa» de Messi. Miami é uma das 11 cidades dos Estados Unidos anfitriãs da competição, que terá ainda jogos no México – no Estádio Azteca e também em Guadalajara e Monterrey – e no Canadá, com apenas duas cidades anfitriãs, Vancouver e Toronto. Uma organização gigante, numa área com pelo menos três fusos horários diferentes, que terá os jogos divididos por três regiões geográficas.

A final do primeiro Mundial alargado a 48 equipas está prevista para 19 de julho de 2026, mas o calendário da competição ainda não foi divulgado. Certo é que a FIFA deixou cair a ideia original de grupos de três equipas, mantendo um formato mais tradicional e bem mais longo. Dos 64 jogos nos Mundiais a 32 equipas, instituídos desde 1998, passa para um total de 104 jogos. Na primeira fase há 12 grupos de quatro equipas, que apuram os dois primeiros e os oito melhores terceiros para uma nova fase de 16 avos de final. Essa primeira fase só elimina portanto 16 equipas.

Estarão envolvidas à partida na qualificação 211 seleções e há mais 12 bilhetes em jogo do que até aqui. Todas as seis confederações ganharam lugares adicionais, umas mais do que outras, com a Oceânia a garantir pela primeira vez que terá pelo menos uma equipa na fase final. Os três anfitriões já têm lugar garantido e a qualificação das várias confederações vai definir mais 43 seleções qualificadas.

Os últimos dois apurados sairão dos play-offs intercontinentais, onde estarão seis equipas e nos quais apenas não participa a UEFA. Nesses play-offs, as duas equipas melhor classificadas no ranking da FIFA jogam apenas um jogo, frente aos vencedores de uma primeira eliminatória. E nessa altura estaremos em março de 2026 e terão sido jogadas perto de mil partidas de qualificação.

Essa maratona começa agora e está resumida neste quadro, com os dados de cada Confederação e a comparação de lugares em relação ao Mundial 2022.

O calendário de qualificação é bem diverso entre as várias confederações. A Conmebol dá desde já o pontapé de saída e na Ásia e em África a corrida também começa ainda este ano, mas na Europa só arranca a partir de março de 2025. Um resumo da qualificação em cada continente.

América do Sul (Conmebol)

10 seleções, 6 lugares diretos no Mundial e um no play-off

Qualificação: setembro 2023 a outubro 2025

A América do Sul é a confederação com menor número de seleções e aquela que terá a maior percentagem de representantes no Mundial. Com mais dois lugares diretos em relação às últimas edições, garante que pelo menos 60 por cento das suas seleções estarão na fase final, com uma sétima a jogar ainda o play-off.

A Conmebol mantém o habitual formato de qualificação, uma longa maratona de mais de dois anos em que todas as seleções se defrontam a duas voltas e que se estende por 18 jornadas e 90 jogos. Chamam-lhe o torneio mais longo do mundo e, embora com favoritos claros, é sempre garantida a expectativa de competitividade, em duelos que se jogam em condições geográficas e climatéricas muito diversas.

A primeira jornada tem desde logo vários motivos de interesse. Além do teste aos campeões do mundo em título frente ao Equador, com os benfiquistas Otamendi e Di María em campo, há ainda a estreia de Fernando Diniz, o treinador que assume a seleção do Brasil até à chegada de Carlo Ancelotti em 2024, que acontecerá a meio da qualificação para o Mundial. O Brasil começa a campanha frente à Bolívia, na madrugada de quinta para sexta-feira. Olhos postos também no Uruguai, agora orientado por Marcelo Bielsa, que deixou de fora Sebastian Coates mas chamou o também sportinguista Franco Israel para a estreia frente ao Chile, igualmente na noite de quinta-feira.

Ásia (AFC)

46 seleções, 8 lugares diretos no Mundial e um no play-off

Qualificação: outubro 2023 a novembro 2025

A mais populosa confederação do mundo vai duplicar a presença no próximo Mundial. Passa de quatro lugares de apuramento direto – que foram cinco excecionalmente em 2022 contando com o anfitrião Qatar -, para oito. E tem ainda mais uma hipótese adicional de qualificação via play-offs.

Para lá chegar, as seleções asiáticas passam por um longo e complexo processo de qualificação, que compreende nada menos que cinco fases. Começa já em outubro, com eliminatórias a duas mãos entre as 20 equipas com pior ranking. Segue-se uma primeira fase de grupos, que serve igualmente de apuramento para Taça da Ásia,

A qualificação asiática segue com uma terceira ronda, já reduzida a 18 equipas divididas por três grupos, que começa a jogar-se em setembro de 2024 e da qual sairão os primeiros seis apurados. Depois há uma nova fase de grupos para apurar os dois lugares diretos adicionais. E ainda uma última eliminatória para decidir quem joga o play-off intercontinental.

África (CAF)

54 seleções, 9 lugares diretos no Mundial e um no play-off

Qualificação: novembro 2023 a novembro 2025

A confederação que só fica atrás da Europa no número de seleções que representa ganhou quatro lugares diretos no Mundial alargado, mais uma hipótese adicional via play-off. A corrida começa em novembro, num sistema com novo formato.

A qualificação africana faz-se essencialmente numa longa fase de grupos, com nove grupos de seis equipas, que jogam entre si a duas voltas e apuram cada um dos primeiros classificados. Depois haverá uma ronda final entre quatro equipas, para apurar o representante africano no play-off intercontinental.

América do Norte, Central e Caraíbas (Concacaf)

35 seleções, 6 lugares diretos no Mundial e dois no play-off

Qualificação: março 2024 a novembro 2025

Estados Unidos, México e Canadá já têm o lugar marcado no Mundial, na qualidade de anfitriões. Mas há mais três lugares diretos garantidos para as restantes 32 seleções da Concacaf, o que duplica o contingente anterior. E ainda dois lugares adicionais no play-off intercontinental.

A qualificação começa também com uma pré-eliminatória entre as quatro equipas com pior ranking, a que se segue uma primeira fase de grupos, da qual sairão 12 seleções. Joga-se então nova ronda com três grupos, que apura os primeiros classificados para o Mundial e garante aos dois melhores segundos a disputa do play-off.

Oceânia

11 seleções, 1 lugar direto no Mundial e um no play-off

Qualificação: setembro 2024 a março 2025

É desta que a Oceânia regressa ao Mundial, onde não está representada desde 2010, quando a Nova Zelândia esteve na África do Sul. Depois da Austrália se ter «mudado» para a Ásia, as hipóteses de representação do continente reduziram-se substancialmente. Agora, tem pelo menos um lugar direto garantido.

A qualificação começa igualmente com uma fase preliminar que apura uma das quatro seleções com pior ranking para uma fase de grupos com oito equipas, da qual sairão quatro para uma ronda final. Joga-se então num sistema de «final four», que apura o vencedor para o Mundial e o vencido para o play-off intercontinental.

UEFA

55 seleções, 16 lugares diretos no Mundial

Qualificação: março 2025 a março 2016

De um Mundial para outro, a UEFA ganhou três lugares. Será ainda, de longe, a confederação mais representada e vai decidir tudo em casa – é a única que não terá de jogar um lugar adicional através do play-off intercontinental.

A base da qualificação segue o formato de grupos, adaptado aos lugares disponíveis. Serão 12 grupos, uns com quatro e outros com cinco equipas. E com a questão da Rússia, suspensa desde a invasão da Ucrânia, ainda em aberto.

Apuram-se diretamente para o Mundial os vencedores de cada grupo, numa fase de qualificação concentrada em cinco duplas jornadas, de março a novembro de 2025. Os quatro lugares adicionais serão decididos numa fase final que junta 16 equipas – os segundos de cada grupo e quatro seleções vindas da Liga das Nações – que se dividirão por quatro caminhos de play-off, apurando-se para o Mundial o vencedor de cada um.