A primeira decisão sustentada na tecnologia do vídeo-árbitro num jogo oficial resultou em polémica e obrigou a FIFA a vir a público explicar as decisões tomadas pela equipa de arbitragem em campo. Aconteceu no Mundial de Clubes, em Osaka, no Japão, no decorrer do jogo da meia-final entre o Kashima Antlers e o Atlético Nacional. O árbitro interrompeu o jogo para observar um lance e marcou uma grande penalidade a favor da equipa japonesa, ao assinalar uma falta sobre um jogador que, segundo revela o mesmo vídeo, tinha partido de posição irregular.

Aconteceu aos trinta minutos de jogo. Depois do lance polémico, o árbitro Viktor Kassai foi informado sobre a jogada irregular e fez o sinal que ia consultar o vídeo que mostra a falta sobre o jogador do Kasima Antlers na área. Quanto ao fora de jogo, a FIFA defende que o árbitro auxiliar tomou a «decisão correta» ao aplicar a regra do «esperar para ver», uma vez que o jogador, que estava de facto adiantado, não teve influência no lance, uma vez que estava longe da bola na altura em que foi derrubado.

O árbitro decidiu que houve falta de Orlando Berrio sobre Daigo Nishi e marcou o respetivo castigo máximo, convertido por Shoma Doi, naquele que foi o primeiro golo da vitória do Kashima Antlers por 3-0. «Esta foi a primeira decisão com recurso ao vídeo-árbitro numa competição da FIFA, portanto é uma situação nova para toda a gente», referiu Massimo Busacca, principal responsável pela arbitragem da FIFA que destaca o sucesso da iniciativa em termos técnicos. «No incidente desta noite, a comunicação entre o árbitro e o vídeo-árbitro foi limpa, a tecnologia funcionou em pleno e, em última análise, a decisão final foi tomada pelo árbitro de campo, a prioridade será sempre esta, uma vez que o vídeo-árbitro é apenas um apoio para o árbitro principal», destacou ainda Busacca.

A aplicação desta nova tecnologia num jogo oficial marca o final do período experimental do projeto vídeo-árbitro, mas a FIFA, pela voz de David Elleray, diretor técnico do International Board, admite que ainda podem haver melhoramentos antes da aplicação ser alargada a nível global.

«Vamos ficar à espera para ver quantas vezes as revisões-vídeo vão ser solicitadas e quantas vezes o árbitro confirma ou altera uma decisão com base nesta tecnologia. Mais importante do que isso, vamos estar a examinar o impacto do vídeo-árbitro no comportamento dos jogadores, no comportamento dos árbitros e na resposta dos adeptos no estádio e nos que estão a ver o jogo pela televisão. Vamos ter, assim, muita informação para analisar antes de implementar esta tecnologia em pleno em 2018 ou em 2019 o mais tardar», destaciu ainda David Elleray.