22 dias após o seu começo, o Mundial de sub-20 atingiu o ponto alto na emocionante final de Auckland, ganha por uma surpreendente seleção da Sérvia, após prolongamento, diante de um Brasil cinco vezes campeão mundial (2-1). Ao longo destas três semanas, vários jogadores se foram destacando em território neozelandês. Alguns deles já eram bem conhecidos de grande parte dos departamentos de scouting dos principais clubes europeus. No entanto, e como sempre, outros nomes se destacaram e podem ter garantido o passaporte para um grande campeonato.

Começando pela baliza, há que destacar o guardião sérvio Predrag Rajkovic, premiado com o galardão de melhor guarda-redes do torneio. Imponente e muito forte entre os postes, exibe uns reflexos extraordinários, além de possuir uma compleição física típica dos grandes guarda-redes de Leste. Além de Rajkovic, podemos ainda destacar as grandes defesas do guardião brasileiro Jean, a segurança de André Moreira na baliza portuguesa e os reflexos apurados de Augusto Batalla (Argentina).

A nível defensivo, vários jogadores se destacaram também ao longo da prova. Na lateral direita, o sérvio Milan Gajic (OFK Belgrado) foi a grande revelação. Equilibrado defensivamente e com capacidade para se projetar para o ataque, foi um dos esteios da campeã mundial. O ofensivo João Pedro (Brasil), o consistente português Riquicho, o ambi-destro Akpoguma (Alemanha) ou o determinado e possante Mohammed Musa (Nigéria) foram alguns dos outros nomes em destaque nessa posição.


Lucão (Brasil)

No centro da defesa, vários jogadores se notabilizaram. Por terem chegado até à final deste Campeonato do Mundo, Veljkovic (Sérvia) e Lucão (Brasil) merecem ser destacados. O jovem sérvio mostrou-se implacável no centro da defesa, comandando a linha com qualidade e revelando solidez. Do outro lado, Lucão revelou características de patrão. Forte por alto, sólido no desarme e relativamente consistente em termos posicionais, o central do São Paulo chamou certamente a atenção de alguns dos principais emblemas do futebol europeu.

Além desses dois, o internacional português João Nunes, o sérvio Babic, o maliano Maiga, os alemães Stark e Kempf ou o norte-americano Carter-Vickers foram outras das referências desta competição. Já no que toca a laterais esquerdos, esta prova não revelou demasiados predestinados, embora a consistência defensiva e o atrevimento q.b. de Jorge (Brasil), as qualidades ofensivas de Youssouf Koné (Mali) e o jogo sólido do português Rafa possam ser destacados.

Quanto a jogadores do meio-campo, três nomes se destacaram dos demais, em especial na fase derradeira da prova: o brasileiro Danilo, eleito o segundo melhor jogador do campeonato, o sérvio Maksimovic e o maliano Samassekou. O médio do Sp. Braga foi uma das figuras da prova, tendo revelado inúmeras qualidades na recuperação de bola, passe e até remate. Sagaz a romper nos espaços, revelou uma conduta tática notável, mostrando que o ano no Minho lhe foi tremendamente útil para se adaptar ao mais tático futebol europeu.


Maksimovic (Sérvia)

Maksimovic foi o grande herói da final, ao apontar o golo sérvio a dois minutos do final do prolongamento. Taticamente sólido e muito inteligente a ler o jogo, aparece várias vezes na segunda linha e até na área contrária para dar seguimento às jogadas. Estranho que tão novo milite num campeonato como o cazaque (Astana). O outro destacado, Diadie Samassekou, foi talvez a maior revelação desta prova, juntamente com Adama Traoré. Dinâmico, consistente no passe, forte a entrar nos espaços e com qualidades na meia-distância, o jogador do Real Bamako maliano não deverá aguentar muito mais tempo no campeonato local depois desta prova…

Além desse trio, outros jogadores se destacaram na Nova Zelândia: o português Tomás Podstawski, o sérvio Zdjelar, o brasileiro Alef, o maliano Souleymane Diarra, o ganês Donsah, os húngaros Nagy e Kálmár, o uzbeque Kosimov ou o norte-americano Hyndman mostraram um nível acima da média ao longo deste Campeonato do Mundo.


Traoré (Mali)

Em termos de meio-campo ofensivo, apareceram alguns dos jogadores mais predestinados e notáveis desta competição. O melhor jogador do torneio, Adama Traoré, já tinha jogado com alguma regularidade no Lille na segunda volta da última temporada mas foi em território neozelandês que se apresentou ao mundo: tecnicamente dotado, possui uma visão de jogo notável, colocando a bola praticamente onde quer. Dinamismo e precisão ao serviço de uma seleção do Mali que apresentou um futebol de qualidade admirável numa seleção jovem africana, apostando mais no toque e na envolvência do que na correria desmesurada.

O ucraniano Kovalenko (técnica e pujança física ao serviço de uma equipa), o germânico Stendera, dono de atributos técnicos formidáveis, o ganês Aboagye (virtuoso com bola), o criterioso Raphael Guzzo (sim, esqueçam o Panenka, o Mundial deste rapaz teve momentos muito interessantes) ou o Rony Lopes dos últimos encontros foram outros dos bons destaques na zona central do meio-campo ofensivo, tal como o brasileiro Andreas Pereira.


Zivkovic (Sérvia)

Nas alas, surgiram vários extremos/alas/avançados de qualidade soberba. O sérvio Zivkovic foi um deles. Esquerdino entusiasmante, com boa técnica, mobilidade e velocidade, é capaz de transformar um jogo sozinho, graças à sua imprevisibilidade. Revelou-se decisivo, tanto através de golos como de assistências. Além do sérvio, destacaram-se: Gabriel Jesus (Brasil), Gelson Martins (Portugal), Musa Yahaya (Nigéria), Gbakle (Mali), Tetteh (Gana), Marcos Guilherme (Brasil), Khamdamov (Uzbequistão) ou Hirving Lozano (México).

Na frente de ataque, sobressaíram alguns nomes, entre avançados mais completos e puros «9» de área. O robusto e inteligente André Silva foi um dos naturais destaques. Autor de uma fase de grupos excecional, o internacional português caiu de rendimento nos dois jogos a eliminar, mas ainda assim não deixou de ser um Mundial muito interessante em termos individuais para o avançado portista.

De resto, vários outros nomes estiveram em plano de evidência: os sérvios Mandic e Saponjic (avançados possantes, embora móveis, caindo bem na faixa), o «falso 9»/segundo avançado germânico Mukhtar, o nigeriano Awoniyi, o húngaro Bence Mervó, os argentinos Correa e Simeone, o maliano Diallo ou o uzebeque Urinboev foram alguns dos jogadores que mostraram mais pormenores interessantes ao longo da prova.

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