O panorama dos clubes da Madeira não é famoso. A crise está instalada em toda a parte e as formações madeirenses não são excepção. No dia em que viu as suas contas aprovadas (2009/10) e com um lucro de cerca de 2,8 milhões de euros, o presidente do Nacional veio a publico denunciar o facto de, após três meses de competição, o contrato-programa com o Governo Regional ainda não estar assinado.

A situação leva a que os problemas de tesouraria sejam muitos e só o recurso à banca tem feito com que os vencimentos do futebol profissional e toda a estrutura de trabalhadores do clube estejam ainda em dia. No entanto, a situação poderá mudar a curto prazo. Rui Alves, que na véspera tinha defendido a extinção do IDRAM (instituto que tutela o desporto madeirense), falou uma vez mais sem rodeios, mesmo depois de ouvir Alberto João Jardim dizer que não tinha nada a comentar ou discutir sobre as posições do líder nacionalista nesse aspecto.

«Vamos no terceiro mês de competição sem relação contratual com Governo Regional. É a primeira vez que tal acontece e coloca-nos sérios problemas de tesouraria. Corremos o risco de perder atletas que têm grande valor em termos contratuais. Por outro lado, o risco alarga-se ao nível dos funcionários, pois o nosso complexo que muito nos orgulha leva-nos a ter uma estrutura com custos, para além dos escalões de formação. A continuar assim, é possível que o Nacional falte num destes fins-de-semana a todos os jogos de formação», revelou Rui Alves, antes de concluir: «Não há dinheiro para pagar professores, técnicos e médicos. Nestaecaso, vamos transmitir ao presidente da Associação de Futebol da Madeira que daremos falta de comparência em todos os escalões a curto prazo.»

Um milhão de euros a receber

Entre processos na FIFA e valores pré-estipulados de apoio pelo Governo Regional, o Nacional é credor de cerca de um milhão de euros. Mesmo assim e para já, os ordenados profissionais estão em dia.

«Temos casos pendentes na FIFA, uns a favor e outros contra. Neste momento estaríamos a falar de um compromisso político aprovado à volta de um milhão de euros. É um valor que torna quase insuportável o nosso dia-a-dia. Não estamos em incumprimento porque enquanto presidente, mesmo nas actuais circunstâncias, procedemos a algumas operações que permitem estar em dia com os profissionais, mas tudo tem custos e bem elevados. Vejo dia a dia com preocupação o futuro. O futebol profissional merece uma abordagem para enfrentar o futuro de outra forma.»

Contas aprovadas

Se no ano de 2008/09 o exercício financeiro do Nacional foi negativo com cerca de 2,6 milhões de euros, hoje, os sócios nacionalistas aprovaram em Assembleia Geral o Relatório Contas relativo à temporada 2009/10, com um saldo positivo de cerca 2,8 milhões de euros.

Para este valor, em muito contribuiu o acerto de contas com o F.C. Porto na saída de Paulo Assunção (1,7 milhões de euros) e a venda também para os portistas do médio Ruben Micael por cerca de 1,250 milhões. Para além deste dois valores, num total que ronda o lucro em cerca de seis milhões, há ainda que contabilizar a venda de Nené ao Cagliari (Itália), embora neste caso ainda haja valores em causa e em contencioso.

A reunião magna dos «alvi-negros» contou com a participação de cerca de duas dezenas de associados que aprovaram o Relatório e Contas por unanimidade. No final, o presidente Rui Alves revelou que este resultado anula o prejuízo de 2,6 milhões de euros do exercício anterior, manifestando a sua satisfação com os valores apurados.