Se empatar na Choupana é um desfecho positivo na perspectiva do V. Setúbal, já o Nacional não poderá dizer o mesmo deste resultado, que deixa a equipa presa aos últimos lugares da classificação. A estratégia de Bruno Ribeiro resultou e só não teve desfecho ainda mais saboroso, porque Neca desperdiçou uma grande penalidade, ainda na primeira parte, numa altura em que os sadinos já venciam.

O Nacional poderia ter feito bem melhor, mas continua a denotar problemas em demasia no que diz respeito ao capítulo da finalização. Mesmo que a espaços, a equipa consiga produzir futebol com alguma consistência, como se viu em certos momentos da primeira parte e também em determinados períodos do segundo, nomeadamente após o 1-1. Mas continua a ser pouco. Muito pouco para uma equipa que estabeleceu a qualificação europeia como meta para 2011/2012.



O V. Setúbal, por seu turno, conquistou um ponto precioso, num terreno tradicionalmente difícil. Bruno Ribeiro sabia que não poderia arriscar em demasia, face ao estilo de jogo dos alvinegros, que muito vivem à custa das suas unidades mais criativas, papel que ultimamente tem sido entregue a Mateus. Recuando as linhas, os jogadores sadinos interpretaram quase na perfeição a estratégia. Com uma meio-campo bastante forte, foram especialmente eficazes na hora de fechar os caminhos para a baliza de Diego, essencialmente a partir do momento em que assumiram a vantagem no marcador. Bruno Ribeiro manteve-se fiel ao 4x2x3x1.



No entanto, quem assistiu aos primeiros 20 minutos não imaginaria que o Nacional chegaria ao intervalo em desvantagem. Com o peso da classificação a obrigar a uma rápida resposta, os madeirenses entraram no jogo a todo o gás e não tardou até que surgissem as primeiras ocasiões de golo. Estruturado no habitual 4x3x3, a equipa de Pedro Caixinha instalou-se no meio-campo contrário, à procura de resolver cedo a questão e, numa fase inicial, a estratégia até parecia resultar. Primeiro assistiu-se a uma espécie de duelo entre Mateus, avançado do Nacional, e Diego, guarda-redes do V. Setúbal, com vantagem para o jogador sadino, que se revelou uma das figuras do jogo.



Perante a pressão do adversário, os sadinos aguentaram-se com maior ou menor dificuldade, muitas vezes defendendo com praticamente todos os elementos atrás da linha da bola, espreitando o contra-ataque, embora tal não fosse mais do que uma simples miragem durante os primeiros 20 minutos. Até que chegaram mesmo ao golo, num rápido contra-ataque finalizado por Rafael Lopes, que assim se estreou a marcar na Liga.



O Nacional tentou responder de imediato, mas, curiosamente, até foi o V. Setúbal a estar mais perto do golo. Contudo, Neca falhou a grande penalidade, e, com isso, a hipótese de praticamente oferecer os três pontos ao Vitória, já que do outro lado, a resposta alvinegra já se mostrava manifestamente insuficiente.

Justiça sob a forma de castigo

Na segunda parte, assistiu-se a um filme idêntico, mas ao contrário do que se esperava, a resposta madeirense tardou a surgir, o que contribuiu para elevar os níveis de ansiedade da equipa comandada por Pedro Caixinha. O técnico alvinegro arriscou, lançou unidades ofensivas, mas o problema mantinha-se.

Os sadinos, por sua vez, continuaram a apresentar a imagem da primeira parte: eficácia defensiva, aposta clara no contra-ataque e nas transições rápidas, obrigando, por vezes, o Nacional a errar e, com isso, perder tempo na busca pelo golo da igualdade.

O empate acabou por surgir, concedendo, de certa forma, uma toque de justiça ao marcador, já que a derrota seria também um castigo demasiado pesado para a equipa madeirense. Claudemir, ao contrário de Neca, não falhou da marca dos 11 metros e fez o 1-1 final.