* Por Arnaldo Cafofo

Manuel Machado, treinador do Nacional, em declarações na sala de imprensa após a derrota com o Sporting por 4-0:

«Quando se perde 3-0 ou 4-0, a primeira coisa a fazer é dar parabéns ao adversário. Um Sporting individual e coletivamente mais forte acaba por ganhar o jogo. É evidente que o Sporting estava com alguma ansiedade acrescida por força do aproximar dos seus concorrentes mais diretos (Benfica e Porto). Fica tranquilo no jogo quando aos três minutos faz golo.»

«Não é por acaso que o Sporting tem mais do dobro dos pontos que aqueles que o Nacional tem. Com o resultado a seu favor fez uma gestão e boa circulação de bola. Não nos incomodou em demasia em termos de bola corrida. Beneficiou ainda de dois penáltis e de um quarto golo, que é um erro tremendo em que houve ali uma situação em que tínhamos o controlo da bola e houve uma hesitação que resultou nesse tento. Por isso, julgo que a nível da justiça do marcador não há nada a dizer. O desenrolar do jogo fica marcado de forma muito clara pelo primeiro golo.»

(Sobre as diferenças de meios entre os chamados clubes pequenos e os grandes)

Relativamente ao enquadramento deste resultado naquilo que é o futebol português, este tipo de situação começa a multiplicar-se hoje mais o que no passado. A projeção que faço é que venha a ser ainda muito mais frequente para a frente. Por força da disparidade de meios, acaba por resultar naquilo que vocês viram: um jogo sem interesse do ponto de vista de discussão do resultado. É nesse sentido que vai o futebol português, ao acentuar ainda mais a décalage que há na distribuição dos meios à disposição. Não é uma situação cómoda para mim, não é cómoda para qualquer outro colega que sofra resultados volumosos, mas é a resultante de todas as políticas desportivas que vamos vivendo no nosso futebol.»