O patamar internacional abriu as portas a mais apoios e, hoje, Naide Gomes dá «graças a Deus» por ter condições para continuar a treinar. Na entrevista ao Maisfutebol, a atleta do Sporting elogia o apoio do clube e da Federação Portuguesa de Atletismo, mas lamenta o facto de não poder contar com a presença de um médico a seu lado todos os dias:
As lesões têm sido um verdadeiro calcanhar de Aquiles. Tem apoio médico para as ultrapassar?
O doutor Pedro Branco, da Federação, tem-me acompanhado de uma forma espectacular e o fisioterapeuta Ricardo que me segue já há muito tempo também tem sido uma grande ajuda. O médico está no Porto, mas falamos por telefone e encontramo-nos às terças-feiras quando ele vem cá a Lisboa. Posso agradecer-lhes também a eles as medalhas que conquistei.
Algum médico a acompanha nos treinos?
Não. Se fosse possível, gostaria de ter sempre aqui alguém perto de mim. Os futebolistas têm sempre um médico por perto, nós não. Se alguém tiver um ataque cardíaco, não temos aqui ninguém. Esse é um problema do atletismo, mas das outras modalidades também.
E em termos financeiros, como subsiste?
Graças a Deus, hoje já tenho muitos apoios, mas tive de lutar muito por eles. Antes de atingir o patamar internacional não tinha apoios, o único que tinha era do Sporting Clube de Portugal, que é quem mais me tem ajudado até hoje. O Sporting apostou em mim, ajuda-me a nível de equipamento e monetário, para poder continuar a treinar. Estão sempre preocupados. Agora também tenho o patrocínio da Adidas e da Fundação Luís Figo, o que me tem ajudado imenso.
O que recebe é suficiente?
É muito motivante que agora todos queiram apostar em mim. Mas tenho de mostrar trabalho e provar que realmente estou a trabalhar. Quando os resultados não saem, eles também entendem, porque sabem que um atleta não é uma máquina. Tive de lutar muito, fazer marcas e mostrar que sou boa para que essa gente toda viesse ter comigo e me dissesse queremos apostar em ti. O Sporiting dá-me o apoio para pagar as minhas despesas e poder continuar a treinar. Tenho também uma bolsa, porque estou na Prepol [Preparação Olímpica] como finalista.
Diz que prefere ficar no seu ambiente em vez de ir para estágios. A família também ajuda a ultrapassar as dificuldades?
O apoio da família é muito importante. A minha mãe nem sempre me acompanha, porque trabalha, mas este ano a minha irmã e o meu namorado foram a Madrid. Foi a primeira vez que a minha irmã me viu numa prova internacional e foi muito bom, ainda por cima ganhei uma medalha (risos).