O Benfica acusou a ressaca de Manchester e não foi além de um empate sem golos diante da Naval na visita à Figueira da Foz, perdendo a oportunidade de recuperar o terceiro lugar ao Braga. Sem Nuno Gomes e Miccoli, os encarnados nunca tiveram profundidade suficiente para visar a baliza de Taborda e comprometeram o pedido de Natal de Fernando Santos que queria três vitórias na Liga até ao final do ano.
Fernando Santos não abdicou do losango, com Petit no vértice mais recuado e Simão no da frente, atrás de Paulo Jorge e Kikin Fonseca, e com os gregos Katsouranis e Karagounis a preencherem o miolo. A atitude também não foi muito diferente da dos últimos jogos, com uma forte entrada à procura de um golo madrugador e com Nelson e Léo a subirem pelos flancos à procura de desequilíbrios. Fernando Mira, por seu lado, também se manteve fiel ao seu 4x3x3 mas, desta feita, bem mais compacto, com Orestes à frente dos centrais, e os extremos Lito e Fajardo a fecharem as alas sobre a linha de meio-campo.
Os primeiros minutos, com muitos jogadores concentrados numa curta faixa de terreno, revelaram, desde logo, que não ia ser fácil encontrar um caminho limpo para a baliza de Taborda. De porta em porta, os encarnados forçaram todas as entradas, mas raramente conseguiram chegar ao último reduto com a bola controlada. Simão trocou com Kikin e tentou o assalto pela direita, colocando Mário Sérgio em dificuldades, mas Fajardo, em primeira instância, e Paulão, como último recurso, reforçaram a ala e mantiveram o forte impenetrável.
Com o forte congestionamento na zona central, Luisão, lá atrás, apresentava-se como a única alternativa, quando os encarnados precisavam de recuperar o fôlego para mais uma investida. O gigante brasileiro tentou furar o bloqueio com longos lançamentos, mas era a Naval que dominava nas alturas. À passagem da meia-hora, um lance polémico. Na sequência de um canto de Simão, a bola vai ao braço de Gilmar depois de um primeiro desvio ao primeiro poste. Ficou por apurar a intencionalidade do brasileiro, mas Paraty não teve dúvidas e mandou seguir. Até ao intervalo, o Benfica ainda tentou os pontapés de longe, por Petit e Karagounis, mas nada feito.
A segunda parte foi mais aberta, com mais espaços e menos choques, mas, mais uma vez, foram poucas as vezes em que Taborda foi chamado a intervir. Simão deu tudo o que tinha na esquerda, passando vezes sem conta por Mário Sérgio para depois esbarrar em Paulão. Katsouranis também ainda se apresentou por duas vezes em posição privilegiada, com um bom movimento na vertical, a abrir um buraco pela zona central, mas o remate final nunca lhe saiu bem. O Benfica arriscava mais e também se expunha mais, com Luisão e Ricardo Rocha a passarem por alguns momentos de aflição para controlarem os rápidos contra-ataques de Saulo e Nei.
Fernando Santos, com um banco muito limitado, ainda laçou Mantorras e Nuno Assis para o «forcing» final, mas os movimentos continuaram a ser os mesmos. Lentos, previsíveis e sem acutilância. Um nulo que nada serve aos encarnados que, ainda sem vitórias a norte do Mondego, perdem, assim, parte do espólio que tinham trazido de Alvalade e voltam a perder terreno para os rivais da frente.