A fotografia de capa deste artigo é um fiel retrato do presente na NBA: Kobe Bryant vê Stephen Curry dar mais uns passos na sua consagração de maior jogador de basquetebol da atualidade.

Mas além de Curry é toda a equipa dos Golden State Warriors que está em estado de graça; um estado de graça explanado num recorde batido nesta terça-feira; um recorde com 67 anos de duração.

Os Golden State Warriors conseguiram o melhor arranque de sempre do campeonato de basquetebol profissional dos Estados Unidos com o fantástico registo de 16 vitórias nos 16 primeiros jogos da fase regular.

O anterior recorde de 15-0 na posse dos Washington Capitols datava da época 1948/49 – em 1993/94, os Houston Rockets de Hakeem Olajuon tinham apenas conseguido igualá-lo. A partir de agora há um novo grupo de jovens guerreiros dourados [aproveitando as palavras] que fazem jus ao nome no inglês original do novo dono do basquetebol não só da Califórnia como de todo o país.
 




[Faz-se agora aqui um ponto (não prévio, mas) intermédio para frisar que o elogio de Steph Curry não tem no outro lado da moeda o epitáfio de Kobe Bryant. O jogador dos Los Angeles Lakers está, aos 37 anos, normalmente a dar os seus passos para o final da carreira, massacrada nos anos recentes pelas lesões, mas que, do alto de todo o seu currículo de 20 temporadas, conta com cinco anéis de campeão da NBA, duas eleições de MVP da final e uma eleição de MVP da temporada sendo o terceiro melhor de sempre nos pontos marcados.]

Kobe Bryant já está na história da NBA. Os Golden State Warriors também porque são eles quem está, no presente, a fazê-la. Os campeões em título que já deslumbraram na última época também já terão tirado as dúvidas a quem ainda as tivesse de que estão para ficar – e dominar. Com Curry como estrela maior.

O base da equipa de Oakland voltou a ser o melhor jogador e marcador em campo, com 24 pontos, nove assistências e quatro ressaltos. E Curry apenas jogou meia hora sendo substituído de vez a poucos segundos do final do terceiro quarto. O contraponto com Kobe volta a fazer aqui sentido pela coincidência de neste jogo de consagração dos Golden State (uma esclarecedora vitória por 111-77) a estrela dos Lakers apenas ter marcado quatro pontos em 14 lançamentos (igualando o seu pior registo de sempre segundo a NBA).



Mas os Golden State Warriors não são apenas Steph Curry, como se viu neste jogo. São também Klay Thompson ou Draymond Green. O cinco inicial dos GSW contra os Lakers nesta terça-feira foi composto por Stephen Curry (27 anos), Klay Thompson (25), Draymond Green (25), Harrison Barnes (23) e Andrew Bogut (a poucos dias de fazer 31 anos).

Esta junção entre a juventude ávida de conseguir fazer o seu talento resultar em frutos e da experiência – Andre Iguodala (o MVP da final do ano passado), com 31 anos – começou do banco é uma das armas mais reconhecidas na equipa californiana. Mas além disso, é mesmo a concentração tal de talento numa mesma equipa que praticamente não precisa que se lhe diga como jogar.

Os Golden State Warriors estão de tal forma calibrados que não se nota a falta do treinador Steve Kerr – o técnico que levou a equipa de Oakland ao título na última época. Kerr tem estado a tratar de problemas de saúde que o fizeram não estar ausente na pré-temporada como em vários jogos. Este último foi um deles; esteve na bancada a ver bater o recorde enquanto com o interino Luke Walton no banco.

Está-se perante uma equipa que joga de olhos fechados e que é o adversário a quem todos quererão ganhar mas do que a qualquer outro. A notícia, agora, será quando alguém conseguir isso. Se não, outro recorde pode cair. Os Golden State Warriors estão com 27 triunfos seguidos em casa e têm na mira o recorde de 33 vitórias consecutivas na fase regular.

Com 20 triunfos em curso (pois a série começa na fase regular da temporada anterior), os GSW estão apenas a 13 da marca que é – por coincidência – dos Lakers. E vontade de batê-la não lhes falta. Draymond Green (18 pontos, sete ressaltos e cinco assistências nesta terça-feira) é um dos que a assume.
 




Steph Curry é um pouco mais cauteloso, pois, mesmo reconhecendo, em palavras à NBA, que «é especial sempre que se faz algo que nunca foi feito», também não dá a invencibilidade por garantida. «Não vai ser um domínio total em 82 jogos.»

Kobe Bryant acredita que sim: «Sim, eles podem consegui-o: porque eles são bons.» «É uma liga muito jovem e eles conseguiram juntar uma equipa de jogadores extremamente inteligentes e versáteis e de grandes lançadores», afirmou a estrela dos Lakers ao «USA Today».

Enquanto se fazem as apostas, o tempo é de desfrutar do que Curry e companhia vão fazendo: