O jogo era esperado há muito tempo por motivos que vão além do futebol. No domingo disputou-se o Portugal-Finlândia para a liga de futebol oficial das Instituições Europeias, a «Brussels Euroleague». O ingrediente especial é que o adversário dos portugueses conta no plantel com o comissário dos assuntos económicos, Olli Rehn, um dos rostos da troika.

Os portugueses estavam ansiosos «por vingar em campo as políticas de austeridade que têm sido aplicadas», disse ao Maisfutebol Milton Nunes, um dos diretores da equipa e fundador da liga.

Mas no futebol, como na economia, Portugal não foi capaz de superar o poderio finlandês e acabou derrotado, mesmo sem Olli Rehn ter jogado. «Nem em campo Portugal ganha à Troika», lamentou o dirigente da equipa nacional. «Eles marcaram aos 10 minutos e depois, por mais que tentássemos, não conseguimos marcar. Houve bolas na barra, defesas incríveis do guarda-redes finlandês... Acho que podíamos ter estado lá o dia todo que não marcávamos».

Do networking ao patrocínio da UEFA

A equipa de Portugal, que integra a liga desde o início, é composta por funcionários da Comissão Europeia, Parlamento Europeu e Conselho da UE, funcionários de empresas com representação em Bruxelas ou alunos portugueses a estudar na Bélgica e até um jogador à procura de clube: Diogo Santos (Pássaro) que passou pelo Estrela da Amadora.

A «Brussels Euroleague» conta com a participação de 20 equipas, cada uma representando um Estado-membro da União Europeia (faltam sete para que toda a UE esteja representada) e envolve diretamente mais de 500 pessoas e indiretamente outras centenas.

Criada em 2005, tem como objetivo aliar a prática de futebol ao networking, já que muitos dos participantes fazem parte de altos quadros das instituições europeias. «Criei a liga com mais oito pessoas de diferentes nacionalidades. No início era uma coisa pequenina, mas entretanto cresceu e teve mesmo o patrocínio da UEFA durante dois anos», explica Milton Nunes, assessor no Parlamento Europeu.

E agora cresceu de tal forma, que faz um retrato dos países que representa. «Temos um pouco dos vícios e virtudes nacionais. A Espanha joga em tiki taka e é sempre uma das favoritas, a Itália defende muito bem e aproveita os espaços para subir no terreno...», explica o representante português. Portugal nunca foi campeão e o mais longe que conseguiu chegar foi uma final contra a Itália na época 2007/08, em que perdeu por 1-0.

«Espanha e Roménia são sempre favoritas. A Roménia tem mesmo jogadores federados que militam em equipas belgas e é o atual campeão. Depois há equipas como Itália, Portugal, Espanha e Roménia que têm uma grande tradição e são sempre adversários temidos», explicou.

Parente rico e parente pobre

E neste campeonato europeu, há coisas que não diferem do outro. «Quando Portugal e Espanha se encontram, o ambiente aquece», explica Milton Nunes. «É preciso termos muita calma nesses jogos».

Há outra coisa que também não muda. Enquanto a equipa portuguesa, que começa esta época sem patrocinador, se viu obrigada a implementar quotas anuais para fazer face às despesas (a inscrição na liga custa 1000 euros por época, além disso é preciso pagar os equipamentos, o aluguer do campo de treinos, etc), há equipas com uma situação financeira bem diferente. «A Alemanha é patrocinada pela Lufthansa e pela Mercedes e os equipamentos são os oficiais, fornecidos pela federação e têm sempre um campo à disposição».

Mas o dinheiro não é tudo e a prova vê-se em campo: «A última vez que jogámos contra eles ganhámos 5-0», conta, orgulhoso, o diretor da seleção portuguesa.