Reformado há pouco mais de um mês, Gary Neville visitou nesta sexta-feira a escola de futebol de Carlos Queiroz, técnico com o qual trabalhou no Manchester United. Confrontado com os problemas que o antigo seleccionador teve com a Federação Portuguesa de Futebol (F.P.F.), o ex-jogador garantiu conhecer poucos detalhes, mas fez questão de defender que Queiroz «é um homem de honra». «Foi um bom treinador que tive no Man Utd, e desejo-lhe o melhor», acrescentou.

Braço direito de Alex Ferguson durante cinco anos (não consecutivos), Queiroz já foi muitas vezes apontado como possível sucessor do escocês, mas Neville está convicto de que a reforma ainda não é para já. «O nosso treinador continua forte. Pode ganhar três troféus esta época e continua saudável. Não sei quando aparecerá o momento de o substituir», afirmou o antigo internacional inglês, já depois de ter elogiado o treinador português: «Tem muita experiência. Foi treinador em muitos países e em grandes clubes como o Man Utd, mas o nosso treinador dura sempre. Será uma perda de tempo começar a especular quem será o substituto. Essa especulação durou os 20 anos que eu estive no clube.»

Outro português, José Mourinho, foi igualmente apontado ao banco dos «red devils». «O Chelsea foi um adversário muito difícil, com ele. Teve muito sucesso, é muito bom naquilo que fez. Venceu-nos ainda no F.C. Porto. Depois esteve no Chelsea. É um treinador fantástico. Todos os adeptos ingleses o respeitam», disse Neville em Carnaxide.

Sem intenção de ocupar o lugar do «secador de cabelo»

Embora seja uma figura incontornável da história do Man Utd, clube que serviu durante vinte anos, Gary Neville garante não ambicionar o cargo de treinador: «Nem por isso. Nunca foi um sonho. É preciso alguém com experiência. Eu fui um jogador, não sou treinador.»

A reforma é ainda recente, mas o antigo internacional inglês parece estar a suportar bem as saudades: «Tive uma grande carreira. Joguei 20 anos no clube dos meus sonhos, e também pela selecção nacional. Com algumas desilusões frente a Portugal pelo meio (risos). Foi uma experiência fantástica. Senti que já não estava a contribuir. A equipa estava a sair-se bem sem mim, e eu estava frustrado com as lesões. Foi a altura certa para colocar um ponto final.»

Em conversa descontraída com os jornalistas, Neville falou até do «secador de cabelo», termo utilizado por Mark Hughes (antigo jogador do Man Utd e actual treinador do Fulham) para baptizar a forma incrivelmente próxima com que Ferguson se dirige aos jogadores que não estão a render o esperado. «É apaixonado pelo que faz. Ao intervalo e no final, se estivermos a render abaixo do esperado, ele não fica contente. Isso é sabido. Mas respeita-nos sempre, e nunca arrasta isso para o dia seguinte», revelou o antigo capitão dos «red devils».