Fernando Pinto Monteiro, o novo Procurador Geral da República, foi presidente do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol e foi nessa qualidade que decidiu em última instância o castigo aplicado a Sá Pinto depois da agressão ao então seleccionador nacional Artur Jorge.
Essa decisão, anunciada a 1 de Agosto de 1997, foi aliás a última de Pinto Monteiro no cargo. Antes da conferência de imprensa em que foi confirmado um ano de castigo para o jogador, Pinto Monteiro anunciou a sua saída, numa altura em que iria assumir outro cargo de magistrado.
Pinto Monteiro chegou ao Conselho de Justiça em 1996 e em Março desse ano contava em entrevista ao jornal A Bola que chegou ao cargo por intermédio de Luís Duque e depois de já ter assumido funções jurisdicionais na Associação de Futebol de Lisboa. Comentando como o futebol é «gerido pela paixão», garantia a intenção de decidir com «distanciamento e frieza».
A corrupção é um dos temas abordados na entrevista e Pinto Monteiro lembra que tinha estado dois anos na Alta Autoridade contra a Corrupção e defende que a situação não era pior no futebol do que noutras áreas. «Estou à vontade para dizer uma coisa: a corrupção existe em todos os níveis da vida portuguesa, como na francesa ou na espanhola! O futebol não deve ter mais corrupção que outros campos e actividades. O que acontece é que o futebol está debaixo das luzes da ribalta. Há dirigentes especializados, uma imprensa muito forte, um direito próprio.»
Pinto Monteiro prosseguia com o seu raciocínio: «Corrupção no futebol há todos os dias aos olhos de milhares e milhões de apaixonados, o que já não acontece noutras áreas de actividade. Quero acreditar que não há mais corrupção no futebol que noutros campos. E sabe porque é que se fala tanto em corrupção? Porque não é punida moralmente!», afirmou, defendendo que «só há poucos anos é que passou a haver uma censura muito grande da corrupção».