O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

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«Olá a todos,



Após dois meses sem participar neste espaço, é com muito gosto que retomo a minha escrita. Desde o meu último texto (meados de dezembro) até ao dia de hoje a minha vida não tem parado, daí esta pausa de aproximadamente nove semanas.



Antes de ter regressado a Portugal para férias, eu e o meu atual clube tínhamos chegado a acordo para a minha transferência com um clube da I liga aqui na Noruega.

Quando enviei o meu último texto, o processo de transferência para esse clube já estava muito bem encaminhado, não só da minha parte, bem como da parte dos clubes. Mas como este processo não estava 100% concretizado, resolvi apenas partilhar esta informação com a família e amigos. E ainda bem aqui assim foi...

Esta hipótese pegou-me um pouco de surpresa. Em primeiro lugar pelo clube em questão, depois pelo fato desse mesmo clube estar bem servido de guarda-redes e por fim, pela simples razão que não tinha em mente o regresso ao topo do futebol norueguês, muito por culpa dos meus planos académicos que passam mais pela aposta na conclusão dos meus estudos e no planeamento da minha carreira pós-futebol do que na minha carreira desportiva.

A nível desportivo tratava-se de uma excelente oportunidade para regressar aos palcos maiores do futebol norueguês, a nível financeiro era uma proposta também mais vantajosa e após ter me aconselhado com pessoas de confiança, cheguei a um acordo com esse mesmo clube. Entretanto viajei para Portugal para cumprir o meu período de férias enquanto os clubes ultimavam os últimos detalhes da transferência.

E que bem que souberam essas mesmas férias!

Após uns dias de reflexão e ponderação, tomei a decisão de continuar por Notodden e rejeitar esta oportunidade, se calhar a última oportunidade que tive de regressar à «elite» do futebol norueguês. Para algumas pessoas, que entretanto souberam desta situação, foi uma surpresa eu ter «rejeitado» tal oportunidade. Mas para quem me conhece e convive comigo diariamente e que tem conhecimento dos meus planos e objectivos, tratou-se de uma opção natural.

Tal como eu já tinha referido anteriormente, na minha vida existem coisas mais importantes do que o futebol, embora eu seja um futebolista 100% profissional e dedicado, uma pessoa por vezes tem que ter o discernimento de ver «mais além». O «mais além» nesta situação é a minha vida após futebol! Embora eu esteja a caminho dos 32 anos, o que para um guarda-redes ainda é uma idade «jovem», eu tenciono pendurar as luvas daqui a 5, 6 épocas.

Continuando aqui por Notodden, dá-me a oportunidade de poder conciliar o futebol e estudos!

Se tivesse sido uma proposta do Real Madrid ou do Manchester United, não teria pensado duas vezes, mas como esses clubes também estão bem servidos de guarda-redes, a vida contínua aqui na pacata cidade de Notodden.

Estou em pré-época. Em janeiro e em algumas semanas em fevereiro chegámos a treinar com graus negativos, com neve, bolas laranjas e bem agasalhados. Agora o tempo está menos «agreste», os dias mais logos e para a semana viajamos para Espanha para continuarmos e concluirmos a pré-época.

Para mim, esta será a décima vez que viajo para Espanha para a pré-época desde que estou na Noruega e será a quarta vez que celebro o meu aniversário em terras espanholas e longe da família.

Aproveito, em jeito de despedida, para enviar um abraço à minha família e amigos que se encontram em Portugal e não só. Ao mesmo tempo aproveito para agradecer mais uma vez ao Maisfutebol por esta oportunidade de escrever um pouco sobre as peripécias de um português que já vai a caminho da sua décima época na Noruega.

Abraço,

Nuno Marques»