O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. É isso que farão daqui para a frente:

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Leia a apresentação de Nuno Marques

«Olá a todos de novo,

Como escrevi na minha apresentação, aterrei em Oslo a 8 de Fevereiro de 2004. Inconscientemente, ter emigrado para a Noruega foi a melhor opção que algum dia poderia ter tomado!

Cometi a proeza de ter sido o primeiro português a atuar a nível profissional na Noruega. Fui para o FC Lyn de Olso e depois para o Bryne FK, então na II liga e com ambições de subir.

No Lyn tinha como principal concorrente Ali Al Habsi, o atual guarda-redes do Wigan da Primeira Liga Inglesa, o único guarda-redes com quem eu joguei e que posso dizer que era e continua a ser melhor do que eu.

Quando tudo parecia estar a correr bem, fazendo bons jogos, começando a chamar a atenção de melhores clubes não só noruegueses mas também suecos e dinamarqueses, contrai uma lesão dos ligamentos cruzados no joelho esquerdo. Estávamos em Abril de 2007!

O campeonato na Noruega começa em Abril e termina em Novembro e fiquei essa época de 2007 toda sem jogar.

Entretanto quando recuperei totalmente da lesão, chegou um novo treinador que deu instrucões ao clube para me vender. E assim foi, foi vendido para outro clube da mesma divisão, o Notodden FK.

Foi a maior transferência entre clubes noruegueses por um guarda-redes estrangeiro, isto após ter estado uma época quase inteira sem jogar!

Como já referi anteriormente, há males que vêm por bem. Esta transferência, para além de ter sido mais vantajosa a nível desportivo e financeiro para mim, deu novamente um novo e importante rumo à minha vida profissional e pessoal.

Já passaram quatro anos e ainda aqui estou, tenho já efetuado quase 150 jogos oficiais pelo clube.

Em todos os anos, desde que me mudei para a Noruega, sempre tive oportunidades ou de regressar para Portugal ou experimentar outros campeonatos, mas sempre recusei, passando a explicar o porquê desta teimosia.

Embora a qualidade futebolística do futebol nórdico seja obviamente inferior ao futebol luso, as condições oferecidas aos jogadores, a honestidade e integridade das pessoas/dirigentes é provavelmente muito superior. E foi sobretudo isso que me fez manter na Noruega por todo este tempo e por muito mais com certeza.

A Noruega é um país frio como todos sabem, mas surpreendentemente com verões agradáveis. O choque cultural é evidente. A Noruega era um dos países mais pobres da Europa há cerca de 100 anos e hoje é um dos países mais ricos do mundo. E não terá a ver só com o descobrimento do petróleo em mar nórdico, mas sim com as políticas adequadas e leais e com uma população que se orgulha do seu pais e que faz de tudo para o preservar.

A segurança, confiança e tranquilidade são adjetivos que acompanham a palavra Noruega. Nem com «Breiviks» eles perdem a calma ou ganham insegurança.

Por aqui fiz amigos, bons amigos, vi nascer o meu filho, aprendi a língua, terminei um curso superior, candidatei-me a um mestrado em Relações Internacionais e por aqui continuo a fazer aquilo que mais me da gosto, jogar futebol! Aqui poderei continuar a combinar os estudos, futebol a nível profissional e ter tempo para estar com a família.

Para terminar, tenho que mencionar o apoio da minha esposa, Katia Bento, que em 2009 deixou a sua família, amigos e emprego para se mudar de Lisboa para uma cidade pacata de apenas 10 mil pessoas, para formar família comigo.

Um abraço,

Nuno Marques»