Yvaylo Petev, afinal, já não vai ser treinador do Levski de Sófia. Depois de na véspera ter sido despido e expulso pelos adeptos no decorrer da conferência de imprensa de apresentação, esta quarta-feira, o treinador, bicampeão pelo Ludogorets, alegou que não tinha condições para continuar. Um verdadeiro pesadelo que Nuno Pinto, lateral esquerdo da equipa de Sofia, viveu por dentro. Para o defesa português é apenas mais um episódio entre muitos que já passou nas últimas temporadas no clube búlgaro. Em final de contrato, Nuno Pinto conta os dias que faltam para ir embora.

A chegada de Petev, um treinador que tinha sido campeão nas duas últimas temporadas, significava para os jogadores um novo começo, depois e um mau arranque de temporada que conduziu a equipa, ao fim de doze jornadas, a um modesto sexto lugar, a nove pontos do líder, o bicampeão Ludogorets. Pior do que isso, o Levski está atrás do rival CSKA, com menos quatro pontos. Uma desilusão num ano em que o clube da capital búlgara, a comemorar o centenário da fundação, tinha como objetivo festejar a data com a conquista do título.

Novo treinador do Levski despido e expulso pelos adeptos na apresentação

A nova esperança desvaneceu-se com a tumultuosa conferência de imprensa. Nuno Pinto não assistiu, mas estava ali mesmo ao lado, no balneário, com os restantes companheiros. «Não conseguimos ver o que se passou, mas soubemos logo a seguir pelo assessor de imprensa. Depois vimos as imagens, já em casa. Foi uma vergonha. Não para nós jogadores, não temos nada a ver com aquilo, mas para o clube», comentou o jogador em conversa com o Maisfutebol.

O ambiente ficou explosivo. E a atear o rastilho esteva uma entrevista que Ivaylo Petev tinha dado, uns dias antes, na qual assumia a sua simpatia pelo CSKA, o principal rival do Levski. A fase da equipa já era má, a polémica ainda por cima antes do dérbi com o CSKA, foi o suficiente para a reação radical. «Eles aqui não perdoam», contou Nuno Pinto.

Petev não resistiu à pressão e o Levski comunicou esta quinta-feira o divórcio com o treinador. «Petev não merecia a reação dos adeptos. Ligou-me hoje de manhã e comunicou-se que não tinha condições para ser o nosso treinador. Os incidentes de ontem [terça-feira] são uma vergonha e uma mancha na história do Levski», afirmou Todor Batkov, presidente do clube em conferência de imprensa.

Quando os adeptos entraram no autocarro da equipa

Desta vez a ira dos adeptos foi dirigida ao novo treinador que, entretanto, já o deixou de ser, mas Nuno Pinto já sentiu na pele a pressão dos «ultras» do Levski. Na temporada passada, depois de um empate fora de casa, o autocarro da equipa foi travado pelos adeptos radicais, que acabaram por invadir o autocarro para dar um raspanete aos jogadores. Na altura, o jogador português assustou-se, pelo menos até à chegada da polícia de choque impor respeito aos contestatários: a polícia normal, essa, não intimida, e até se sujeita a ser atingida com bombas de fumo.

A pressão dos adeptos é uma constante no dia a dia dos jogadores do Levski. «Agora até estamos tranquilos porque este fim de semana vamos jogar para a Taça e na primeira mão, em casa, ganhámos por 4-0. Mas para a semana há jogo com o CSKA», lembra o antigo jogador do Nacional, para quem a temporada até está a correr bem, em termos pessoais. Já no que respeita à equipa, atualmente no meio da tabela, o cenário é bem diferente. E a tensão promete voltar a crescer até dia 19, um sábado, dia de dérbi.

O jogo com o CSKA não vai ser no Estádio Georgi Asparuhov, a casa do Levski, mas sim no Estádio Nacional. Já é assim há anos, com o dérbi da capital a ser disputado em estádio neutro: se fosse nos estádios de qualquer uma das equipas, os adeptos adversários partiriam tudo.

Nuno Pinto, natural de Vila Nova de Gaia e começou a jogar nos juniores do Boavista, em 2003/04. Foi ainda no Bessa que se estreou como profissional, em 2006/07, mas foi no Nacional, na Madeira, que se afirmou definitivamente no primeiro escalão do futebol português a partir de 2008/09. Fez quatro temporadas na Choupana, mas em janeiro de 2012 partiu para a aventura em Sófia com um contrato de três anos que está agora a chegar ao fim. «É mais uns mesitos, estou a acabar contrato, depois vou-me embora daqui. Não posso ficar», concluiu.

Recorde as imagens da polémica conferência de imprensa:


O ambiente no último Levski-CSKA: