O primeiro sinal foi aquela coisa dos irmãos. O Benfica manteve Matic e foi buscar Markovic. Pelo meio entraram também os irmãos de ambos, como se aquele espaço entre a equipa B, os jogadores que têm contrato mas não jogam em lado nenhum e os emprestados fosse um contentor onde todos podem caber.

Será um fait-divers, sem particular relevância ou custo. Será. Mas passa a ideia de escasssa preparação e organização. Sejamos claros: por cada irmão que deu jogador, quantos foram apenas isso, um irmão, nada mais?

Depois aconteceu a contratação de Pizzi.

A carreira de Pizzi é invulgar. Muda de clube, é emprestado; muda de clube, é emprestado. E por aí fora. Apesar desta instabilidade, o extremo português tem conseguido demonstrar qualidade e a chegada ao Benfica era algo que não me chocava. Aliás, a convocatória de Pizzi para a seleção prova que possui qualidade.

Mas, mais uma vez, Pizzi nem chegou a entrar e já tinha saído, agora para o Espanhol. Sinceramente, o extremo vai fazer 24 anos esta época. O tempo de ser emprestado já passou. O que se passa com esta gestão de carreira não é normal.

O Benfica, como outros clubes portugueses, tem um problema terrível: acha que não deve explicar o que faz. Os seus dirigentes tomam decisões, os jogadores entram e saem e nada é dito, nada é justificado. Há pequenas conversas no canal do clube e isso chega, pensam eles.

Desta vez o Benfica foi obrigado a dizer mais alguma coisa sobre Pizzi porque de repente ressurgiu Roberto, o guarda-redes oito milhões. Pressionada pelo que se dizia em Espanha e era escrito em Portugal, a CMVM questionou o Benfica. Em vez de libertar toda a informação, o clube mais uma vez tentou revelar o menos possível.

Eu percebo que Roberto é uma página triste na história do clube. Menos pelos golos que sofreu, digo eu, mais pela forma como o Benfica tentou chamar-nos estúpidos dizendo que o tinha vendido por oito milhões. Um dinheiro que nunca entrou na Luz, o que deveria fazer os dirigentes corar de vergonha.

Pelos vistos não faz.

Como se Pizzi e Roberto não fossem já suficiente embaraço, apareceu Luiz Fariña.

Um argentino com fama de talentoso, mas apontado para a frente, onde o clube já tem muia gente. Apesar disso fez a as malas, deixou o Racing Avellaneda e assinou por cinco épocas com o Benfica. Ao contrário de Pizzi, treinou e até foi utilizado na pré-temporada.

De repente, a notícia mais bizarra: estava a caminho do Dubai, onde jogará por empréstimo numa coisa chamada Baniyas FC.

Não sei se Fariña é caro ou barato e no limite nem tenho de me preocupar com isso, o dinheiro não é meu. Sei apenas que esta forma de gerir jogadores não tem nada a ver com desporto e também não tem nada a ver com negócios.

Jogar no Dubai não dá prestígio, não acrescenta músculo, não faz crescer. É um ato de gestão que não se compreende e que prejudica a imagem do clube e de quem o dirige. Além do jogador.

No Benfica a lista de atos incompreensíveis tem crescido a um ritmo curioso. Michel, Luisinho, Djaló, fora o que se passa na equipa B e é menos público. É mau de mais.

Não sou muito favorável a dirigentes que falam, até porque geralmente o que dizem prejudica o futebol. No caso de Luís Filipe Vieira o silêncio está a tornar-se muito pesado.