O Vicente Calderón deixará de existir em 2016, se tudo correr como planeado. Os adeptos do Atlético de Madrid preparam a despedida de um estádio que acolheu a equipa durante cerca de meio século. Será mais uma mudança de casa para os colchoneros, com polémica à mistura.

O clube irá ocupar o Estádio Madrid, noutra zona da capital espanhola, e o atual recinto virá abaixo, dando espaço a uma zona verde que ficará conhecida como Parque Atlético de Madrid.

A massa associativa do Atlético lamenta esta operação. Para enquadrar a realidade e sentir o pulso dos adeptos, a Maisfutebol Total pediu a colaboração dos mentores do projeto @NuevoEstadioATM, que acompanha regularmente as obras na La Peineta, a futura casa da equipa.

Alguns adeptos colchoneros decidiram juntar toda a informação sobre os estádios do Atlético de Madrid ao longo da sua história e transmitir os dados relevantes sobre a transformação do futuro recinto.

Antes de mais, é importante perceber que a massa associativa do Atlético tem percorrido todas as zonas da capital. O Vicente Calderón situa-se na zona sul da cidade e o novo estádio obriga a uma mudança para a zona este, próximo do aeroporto de Barajas.


Renton, um dos responsáveis pelo projeto @NuevoEstadioATM, explica: «Está a realizar-se uma remodelação e ampliação do La Peineta. Aproveitaram uma bancada já construída e um grande espaço reservado no inferior. O resto do estádio será completamente novo.»

O recinto foi inaugurado em 1994 e teve um prazo de validade curto. Uma década mais tarde estava praticamente abandonado. La Peineta acolheu eventos de atletismo, sobretudo, até ser cogitado como novo estádio do Atlético de Madrid.

As obras têm sofrido constantes atrasos e o prazo mais recente para a conclusão é 2016. A candidatura falhada aos Jogos Olímpicos de 2020 comprometeu, uma vez mais, o processo. Haverá fundos para a conclusão do processo? E virão do clube ou da cidade? As dúvidas subsistem.

Os trabalhadores vão seguindo o plano traçado, lentamente. «Oficialmente, as obras começaram em novembro de 2011. Desde então, foi preciso um trabalho duro sobre o terreno, já que o estádio se situa numa zona com terreno muito frágil e foi preciso levar os pilares de cimento a grandes profundidades. Alguns a mais de quarenta metros!»

«Atualmente já está estabelecido o período do estádio e consegue-se perceber como será através de fotografias aéreas. Agora é tempo de crescer em altura. Na zona norte, a mais avançada, já se podem ver duas plantas e espera-se que no início de 2014 a estrutura chegue nessa zona à Quota 0 (nível da rua). Espera-se a estrutura esteja concluída no verão de 2015, para depois serem realizados os acabamentos e ser colocada a cobertura», conclui Renton.


Será mais uma etapa na vida do clube. Uma nova morada, uma mudança radical na ligação do Atlético com a cidade. Centro, noroeste, sul, este. Esta viagem passa por vários pontos cardeais. Eis a história dos estádios do Atleti. Renton é o nosso guia:

Campo do Retiro (1903-1913) e Campo de O’Donell (1913-1923): «Ambos os estádios foram os que começaram a dar vida à história do clube, na sua origem. Situavam-se na zona central da cidade, junto ao atual Parque do Retiro. O primeiro tinha capacidade para 500 espectadores e o seguindo podia receber 10 mil espectadores. O tempo passou e tornou-se inevitável a construção de um novo estádio face ao crescimento do clube.»

Estádio Metropolitano (123-1966): «Foi nesse estádio que se começou a criar a lenda e o espírito do Atlético. Foi onde se criou o sentimento de amor e pertença dos adeptos em relação às cores da equipa e onde se desenvolveu de forma especial a idiosincrasia atlética. O estádio situava-se na zona noroeste da cidade e era um local privilegeado, já que tinha um anfiteatro creado de forma natural devido às carateríticas do terreno. O estádio sofreu muitas mudanças ao longo da sua história e chegou a ser reconstruído depois da guerra civil espanhola (1936-39). Chegou a ter uma capacidade máxima de 70 mil espectadores nos últimos anos. Foi muito especial e essencial para o clube.»

Estádio Vicente Calderón (1966-…): «Foi neste estádio que continuou a crescer a história e a lenda do Atlético de Madrid. Foi uma grande mudança para o adepto porque implicou uma nova zona. Agora o clube estava no sul da cidade, junto à ribeira do Rio Manzanares. O estádio foi pago pelos sócios no início e durante muitos aos teve capacidade para 70 mil espectadores. No princípio dos anos 90 a capacidade foi reduzida para cerca de 57 mil. É um estádio muito famoso, é o símbolo do Atlético de Madrid e também é conhecido pela sua particularidade como instalação, já que o recinto não completa o seu anel, não tem duas esquinas. O carinho dos adeptos pelo Vicente Calderón é muito, muito grande.»


Novo Estádio (2016-…): «É importante, é essencial dizer que esta é uma mudança muito polémica para todos os adeptos. Polémica devido ao seu largo historial, à forma como se está a realizar (muito pouco transaparente) e porque a responsabilidade da mudança recai nos dirigentes do clube, que sã os donos e têm um passado turvo, por assim dizer. O estádio terá uma capacidade aproximada para 70 mil espectadores e a mudança está programada para o verão de 2016. Todos os adeptos, a favor ou contra, não têm outro remédio. Que seja um salto em frente para o clube, um crescimento em todos os sentidos e uma melhoria no que toca à comodidade. É importante dizer que se vai mudar radicalmente de zona, trocando-se o centro da cidade, zona sul, com o extremo este de Madrid, já nos arredores, perto do aeroporto.»