O Benfica conquistou o primeiro tetracampeonato do palmarés do clube mas, por entre o feito histórico das águias, há um que não passa despercebido.

Bem, na verdade não é um, são dez.

Ljubomir Fejsa somou o 10.º título consecutivo da carreira. Sim, leu bem, o médio sérvio só sabe ganhar de há uns anos para cá e enriqueceu o currículo com dez títulos seguidos, por três clubes diferentes, em três países distintos. É decacampeão, portanto.

Vamos por partes.

Fejsa começou a jogar com 18 anos, no Hadjuk Kula. Em 2008 mudou-se para Belgrado, para defender o Partizan, e foi aí que começou a saga de títulos nacionais que nunca mais acabou.

Esteve três anos no Partizan Belgrado e foi três vezes campeão, fazendo o primeiro tricampeonato. Depois mudou para a Grécia, onde defendeu o Olympiakos durante dois anos e meio: foi novamente três vezes campeão, naquele que foi o segundo tricampeonato da carreira.

No início da época 2013/14 deixou o clube grego, então orientado por Leonardo Jardim, e rumou à Luz, onde também já tinha conquistado outro tricampeonato, e agora o «tetra».

O segredo por detrás de tantos títulos só o próprio saberá, mas uma coisa é certa: Fejsa tem-se mostrado preponderante nas equipas por onde passa.

E engane-se quem acha que este «peso» nas equipas é coisa recente. Nada disso, muito pelo contrário.

Ainda em idade tenrinha, já muitos apontavam ao sérvio um futuro brilhante pela frente.

«Todos falavam que ele ia ser uma promessa. Nós mesmos vimos isso e até achávamos que já nem era promessa. Mas é bom ver que o sucesso não lhe subiu à cabeça. Fico feliz em ver aquele menino que era promessa virar talento afirmado».

Cléo conhece bem Fejsa. O avançado brasileiro era já uma das estrelas do Partizan quando o clube decidiu contratar um jovem médio de 20 anos, e recordou os primórdios do sérvio em conversa com o Maisfutebol.

«Chamava muito a atenção porque era jovem, mas muito tranquilo. Tinha o seu próprio ritmo. Fora de campo era muito bom menino, bem-educado e brincalhão. Animava a galera lá no balneário, mas escutava os conselhos e aceitava-os. Ao início falava com ele por gestos, porque não falava sérvio (risos), mas depois fomo-nos ajudando», recordou.

Cléo era avançado e um dos principais artilheiros do Partizan, clube que era invencível naquela altura e somava títulos atrás de títulos na Sérvia, quase sempre com Fejsa no meio-campo.

«É muito concentrado, faz o que tem de fazer, e muito inteligente, por isso é que consegue encaixar em qualquer equipa. Sempre teve noção das limitações e do que podia dar à equipa, e procurou aperfeiçoar o que tinha de bom. Joga um futebol simples, não inventa, é isso que se pede a um jogador na sua posição», explicou.

Nove anos depois, o brasileiro, que até se naturalizou sérvio «a pedido do primeiro-ministro de lá», revelou que ainda segue com atenção o percurso do antigo colega.

«Eu assisti ao jogo do Benfica com o Rio Ave. Incrível, cara! Ele não mudou nada, o mesmo estilo de jogo, a mesma tranquilidade. Está feito um grande médio, um dos melhores naquela posição, e é por isso que chegou onde chegou», apontou.

«É daqueles jogadores que faz a equipa crescer»

Quando recordou os tempos em que jogou com o sérvio, Cléo não teve problemas em afirmar que o então jovem é preponderante para o trabalho dos restantes colegas, mesmo o dos homens mais avançados, como era o seu caso.

«Normalmente são posições de marcação, de quebrar a jogada, e ele tem essa qualidade. Mas, para além disso, ele procurava sempre dar a bola redondinha para os jogadores da frente, tocava muito pouco para trás e isso faz a equipa crescer, porque não temos de nos movimentar tanto», referiu.

Cléo regressou entretanto ao Brasil, onde está sem clube e, enquanto não acerta o futuro, tem tido mais tempo para assistir a jogos na televisão, incluindo os da liga portuguesa.

Como adepto de sofá, admitiu que tem torcido pelo Benfica, não só devido a Fejsa, mas também porque o sérvio anda a ser orientado por um antigo colega nos tempos em que representou o Olivais e Moscavide.

«Quem diria que o Serginho iria ser adjunto no Benfica (risos). Era um dos capitães daquela equipa, ajudou-me muito. Agora está a ajudar o Ljubomir. Estou a torcer por eles», concluiu.

Uma pequena viagem ao passado do papa títulos da Luz. Feitas as contas são dez títulos de campeão em nove anos. É obra.

Fejsa pode muito bem ser a prova viva de que a tal «estrelinha de campeão» é algo a ter em conta.