Quinto duelo entre Roberto Mancini e José Mourinho, nenhuma vitória para o italiano. Três empates e duas derrotas. O Galatasaray evitou o desaire frente ao Chelsea e chegou a desejar algo mais. Porém, a igualdade (1-1) abre boas perspetivas para o Chelsea, a primeira equipa inglesa a marcar um golo nestes oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

Manchester City, Arsenal e Manchester United foram derrotados por Barcelona, Bayern Munique e Olympiakos, respetivamente. O orgulho britânico estava em jogo e, como é habitual quando Mourinho entra na história, houve troca de palavras no lançamento do encontro.

Roberto Mancini abriu as hostilidades. «José Mourinho ganhou a Liga dos Campeões quando estava no Inter porque herdou uma boa equipa. Uma equipa que, tal como aconteceu no Manchester City, eu construi. Uma equipa com uma mentalidade forte. Quando cheguei, o Inter jogava um futebol pobre. Fui eu quem mudou isso», atirou o italiano.

O português respondeu da melhor forma. «É engraçado que ele diga isso. É engraçado por o meu Inter disputou a final da Champions com Lúcio, Thiago Motta, Diego Milito, Samuel Eto'o, Goran Pandev e Wesley Sneijder. De onze jogadores, ele não trabalhou com seis deles. Deve ter feito uma equipa com cinco jogadores», brincou Mou.

Este é terceiro capítulo de uma história antiga. Em 2003, o FC Porto de José Mourinho defrontou a Lazio de Mancini. 4-1 em Portugal, nas meias-finais da Taça UEFA, 0-0 em Roma. Na época passada, novo duelo. O português no Real, o italiano do Man. City. 3-2 em Espanha, 1-1 em Inglaterra.



Na temporada 2012/13, aliás, o Real Madrid de Mourinho deixou o City de Mancini na fase de grupos da Champions e afastou o Man. United nos oitavos-de-final. Seguiu-se o embate com o Galatasaray. A vitória segura no Berbabéu (3-0) permitiu ao treinador português encarar a visita à Turquia com alguma tranquilidade (3-2).

José Mourinho regressou a Istambul, agora com o Chelsea, e teve um apontamento curioso no lançamento do encontro. «Creio que uma equipa com 11 Azpilicuetas provavelmente ganharia a Liga dos Campeões porque o futebol não é apenas sobre o talento puro, o futebol também é também sobre carácter e personalidade e o Azpilicueta tem todos os traços de uma personalidade vencedora».

O que aconteceu na noite de quarta-feira? O lateral espanhol recuperou uma bola ao nono minuto de jogo e foi por lá fora. Hazard e Schurrle foram trabalhando o lance e o alemão devolveu a Azpilicueta, já na área. Este serviu o compatriota Fernando Torres para o primeiro golo do encontro, o terceiro de El Nino na Liga dos Campeões 2013/14.

Roberto Mancini pagava um preço alto pela ousadia. Apostava num Galatasaray ofensivo, com o último reduto a subir no terreno para deixar espaços nas costas. Didier Drogba não tinha grandes motivos para sorrir no reencontro saudado com o Chelsea. O avançado da Costa do Marfim matou saudades dos antigos companheiros de equipa – já tinha defrontado Mourinho na época passada – e cumprimentou David Luiz de forma curiosa.



O Chelsea entrou melhor no encontro mas o efeito não perdurou. Com meia-hora de jogo, a equipa da casa reorganizou-se (saiu Hajrovic para entrar Kurtulus) e começou a ganhar ascendente. Isso seria claro na etapa complementar.

Perto do intervalo, um lance que irritou os adeptos locais. John Terry agarrou uma bola devolvida pelos painéis de publicidade para ganhar alguns segundos. Eboué não terá percebido e fez rapidamente o lançamento de linha lateral, colocando outra bola nos pés de Yilmaz.

Terry resolveu o problema de forma simples, atirando a sua bola na direção do árbitro da partida, que interrompeu o lance enquanto Yilmaz disparava para o fundo das redes do Chelsea.



O Galatasaray viria a chegar ao empate, de qualquer forma. A formação turca, impulsionada pelo seu fervoroso público, pressionou o Chelsea ao longo da segunda metade. Selçun Inan falhou um golo de forma incrível, atirando ao poste quando estava a menos de um metro da baliza.

A marcação individual do Chelsea nos lances aéreos não estava a resultar. Mais um pontapé de canto e John Terry a perceber que não há forma de fugir ao destino. Chedjou escapou à marcação do central inglês e finalizou na pequena área, com as culpas a serem partilhadas com Petr Cech.

José Mourinho percebeu que o empate seria satisfatório para a formação londrina, num terreno difícil. Chegou mesmo a lançar Obi Mikel para reforçar o setor intermediário e regressou a casa com o registo imaculado perante Roberto Mancini.

«Isto é a Turquia, Istanbul, Galatasaray. O futebol turco é muito emocional e nós defrontámos uma grande equipa, com grandes jogadores. O resultado não é fantástico mas, se Stamford Bridge nos der 10 por cento do que este estádio deu ao Galatasaray, terei de ficar feliz. Vai ser um jogo difícil na segunda mão», rematou o treinador português.

Aliás, não foi a única afirmação interessante de Mourinho. Houve ainda tempo para mais uma resposta a Mancini. Vinha a propósito, não? «Basicamente, este Galatasaray é aquele que Fatih Terim construiu.»