Esta semana ficou marcada por dois acontecimentos que juntaram futebol, polícia e justiça.

Em Lisboa, a associação de futebol anunciou a paragem de diversos campeonatos. Outras se seguiram. Um acordo da Federação com o Ministério da Administração Interna salvou a coisa. Para já. Em causa estão cortes, opções políticas e, sobretudo, a fragilidade financeira dos pequenos emblemas, incapazes de pagar a quem faça segurança nos jogos.

No Estádio da Luz foi detido Hugo Inácio, condenado há anos por ter lançado um «very-light» que matou um adepto do Sporting durante uma final da Taça de Portugal. Está em liberdade precária e aproveitou para ir ver o Spartak. Não soube comportar-se, foi deito.

Com dimensões diferentes, os dois casos são profundamente tristes.

É triste que seja preciso ter polícias em jogos regionais de miúdos. Mas sabemos que sim, é preciso.

É triste que uma pessoa condenada por um crime num jogo de futebol continue a ir tranquilamente aos estádios e não tenha aprendido a comportar-se.

Isto, associado ao triste espectáculo que são as operações policiais em dia de clássico (dezenas de agentes especiais conduzem centenas de adeptos em fúria até uma bancada), exemplifica o essencial: os jogos de futebol não são espaços de desportivismo e educação. Bem pelo contrário, parecem ser momentos onde comportamentos desviantes são mais ou menos tolerados.

Longe de mim defender as virtudes do estado policial e muito menos o estigma de quem foi sentenciado e cumpriu pena. Mas acho que já é altura de levar a sério o comportamento de que não sabe estar num estádio. Aplicar a lei que já existe, afastando essas pessoas do desporto, e prever um período de exclusão maior para casos especialmente graves, como o do triste very-light.

Posso estar enganado, mas até ver o mau comportamento nos estádios e à volta deles continua a compensar.