Portimonense-Feirense, 2-1.

V. Guimarães-Portimonense, 3-3.

Portimonense-V. Setúbal, 5-2.

FC Porto-Portimonense, 3-2.

O que têm em comum os jogos citados além da presença do mais sulista dos emblemas da Liga? Todos eles foram 90 minutos bem passados. Aliás, poderia acrescentar outros porque tem sido um prazer ver os jogos da equipa de Vítor Oliveira neste regresso à Liga.

Depois de anos de sobe e fica, subiu mesmo e em boa hora. Dá gosto ver o Portimonense e arrisco mesmo dizer que a pontuação não faz jus ao que jogam os algarvios. Esse é aliás, um dos perigos maiores do futebol: nem sempre fazer bem é o caminho certo para ter sucesso.

Fosse mais cerebral, metódico ou, para usar a palavra certa, chato, e se calhar o Portimonense tinha mais pontos do que hoje em dia.

Quando falamos de qualidade dos espetáculos, é verdade que os treinadores têm sempre uma visão diferente dos adeptos. Vítor Pereira dizia mesmo que não podia considerar que um jogo com muitos golos foi bom, porque significa que houve muita gente a errar. É uma leitura possível.

Mas a verdade é que ninguém recorda aquele incrível 0-0 pelo mesmo motivo que ninguém quer saber do ponto que indica as falas, do roadie que carrega as malas ou o senhor que monta o palco. Todos têm de fazer bem o seu trabalho para que o espetáculo decorra, mas não é por eles que pagamos bilhete.

O lado mais inocente do Portimonense será algo que, certamente, Vítor Oliveira vai querer maquilhar a curto/médio prazo. A Liga não costuma ser meiga para quem a trata tão bem, ainda que, defendo eu, jogar bem significa estar sempre um passo à frente.

E o Portimonense joga bem. Não defende bem, sublinhe-se, pois sofreu golos não só em todos os jogos citados mas em todos os outros que fez este ano na Liga. Mas, já agora, só em Vila do Conde não marcou para ver os dados de perspetiva inversa.

Os jogos do Portimonense são, assim, sinónimo de emoção e golos. Sinónimo de qualidade e 90 minutos de alegria. Sinónimo da classe inequívoca de Paulinho e Nakajima e promessas interessantes de Tabata, Ewerton e Pedro Sá.

São, enfim, sinónimo de um Vítor Oliveira que voltou à Liga pela porta grande. A época vai no início, ainda é cedo para vaticínios, mas os anos passados no futebol mais musculado da segunda divisão não tiraram discernimento ao treinador. Conhece o futebol por dentro e por fora e estes indicadores provam que, mais do que isso, conhece o que é bom futebol.

Quem vê só tem de agradecer. Se era para isto, valeu a pena esperar tanto tempo, Vítor!

«O GOLO DO EDER» é um espaço de opinião no Maisfutebol, do mesmo autor de «Cartão de memória».Porque há momentos que merecem a eternidade e porque nada representará melhor o futebol português, tema central dos artigos, do que o minuto 109 de Paris. Siga o autor no Twitter.