«O meu pub em Hammersmith». A esta zona da cosmopolita Londres chega gente de todo o mundo. Enquanto se bebe uma pint, fala-se de desporto: futebol, basquetebol, ténis, Fórmula 1, o que for. Depende de quem passa pela porta. O consumo é obrigatório e as bebidas nunca são por conta da casa. Aqui também se pode falar da NFL, mas se alguma vez se proferir a palavra «soccer» fica o aviso: Woody, o cozinheiro, tem cara de Vinnie Jones e andou na escola do Cantona. Ah, e é primo do Roy Keane. Cuidado... 

When I was just a little boy,

I asked my mother what should I be,

Should I be Chelsea,

Should I be Leeds,

Here's what she said to me;

Wash yer mouth out son,

And go and get your fathers gun,

And shoot the Chelsea scum,

Shoot the Chelsea scum,

We hate Chelsea,

We hate Chelsea,

We hate Chelsea...

O Sp. Braga-Benfica ficou para o fim. Mesmo numa cidade cosmopolita como esta, o domingo à noite é a parte mais calma da semana. Há sempre alguém, no entanto. Neste caso, um taxista português adepto do Chelsea e um colega dele…do Leeds. Rivais, portanto.

Entre algumas cervejas de sabor nacional, assistiram calmamente ao jogo do Minho. O inglês quis saber como era o ambiente lá, o nosso compatriota lá lhe explicou o que todos nós sabemos.

«Antigamente, Braga era conhecida como uma cidade que apoiava o Benfica. Nos últimos anos isso mudou e os jogos são normalmente tensos, com muitos casos, muita emoção. Um Sp. Braga-Benfica está a tornar-se quase tão quente como um clássico.»

O inglês sorriu – Mesmo que haja muita coisa que nos separe hoje, é um pouco como a nossa história, não é?

Um par de temporadas e alguns jogos demasiado físicos entre Chelsea e Leeds chegaram para criar uma inimizade entre Peacocks e Blues.

O clímax foi a final da Taça de Inglaterra de 1970, uma das mais longas e mais violentas de que há memória. A 29 de abril de 1970, alguém acendeu o rastilho em Old Trafford.

Leeds e Chelsea chegaram a Wembley depois de lutarem pelo campeonato na antiga primeira divisão inglesa (o Everton foi campeão) - os de Yorkshire como vice-campeões, os de Londres como terceiros classificados – e sem nunca terem ganho a FA Cup. A final tinha uma tremenda importância histórica.

O jogo na capital terminou 2-2, mesmo após prolongamento, e obrigou a uma repetição no estádio do Manchester United, o local escolhido depois de o relvado de Wembley ter ficado em péssimo estado. O Chelsea venceu o «replay» por 2-1 após novo prolongamento, ficou com o troféu, mas as marcas do encontro ainda hoje se sentem.

Eric Jennings arbitrou as duas partidas e, em 1997, o antigo árbitro David Elleray «rearbitrou o jogo» depois de visioná-lo pela TV: Jennings tinha mostrado um cartão amarelo nos 120 minutos em Old Trafford, Elleray reanalisou e sentenciou que no futebol moderno, no total, devia ter havido seis cartões vermelhos e 20 amarelos!

A entrada de Eddie McCreadie sobre Billy Bremner é um dos episódios disponíveis em vídeo.

Outro é este entre Osgood e Jack Charlton: o irmão de sir Bobby chegou a admitir que tinha uma «lista negra» com nomes de jogadores de quem se queria vingar e entre eles estava um futebolista dos Blues, cujo nome o mais novo dos Charlton nunca revelou.

A partir dali, Chelsea e Leeds tornaram-se rivais e os jogadores assumiram esses sentimentos.

«Sim, um pouco como nós. Desde o início da década de 2000 que começou a ser mais difícil ao Benfica vencer o Sp. Braga, mas foi o campeonato 2009/10, com as duas equipas a lutarem pelo título, que originou a faísca. Daí para cá, houve confusões nos túneis, acusações racistas, falhas de energia, jogos emocionantes e polémicos decididos no último segundo, incluindo uma meia-final da Liga Europa, uma meia-final da Taça da Liga, jogadores a assumirem ressentimentos ou outros que trocaram um clube pelo outro a abrirem mais a ferida. Sim, um pouco como nós entre 1960 e 1970, porque em outubro de 2009 alguém acendeu o rastilho.»

O Chelsea-Leeds pode ser uma rivalidade menor no contexto atual do futebol inglês, mas mesmo assim uma rivalidade. É certo que passa por vezes despercebida no meio de tantos dérbis ou clássicos. 

E a de Benfica e Sp. Braga, ainda passa?