São os dois treinadores da moda no futebol português e vão defrontar-se pela primeira vez este sábado, no Estoril-Sporting. Apesar de Marco Silva estar na terceira época como treinador, nunca teve de enfrentar equipas orientadas por Leonardo Jardim.

Três anos mais novo do que o atual treinador dos leões, o técnico da equipa da Linha teve uma longa carreira como treinador e foi nessa condição que encontrou o seu adversário de hoje em todas as ocasiões anteriores. Isto porque na época de estreia como técnico do Estoril, em 2011/12, estava na II Liga, enquanto Leonardo era treinador do Sp. Braga na I Liga. Se Marco colocou o Estoril no principal escalão português em 2012/13, o madeirense aceitou o desafio de treinador o Olympiakos na Grécia na mesma época. Esta temporada é a primeira vez que os dois clubes se defrontam (excluindo o jogo da Taça de Honra de Lisboa, dado que o leões alinharam com a equipa B, orientada por Abel).

Recuando mais algum tempo nas carreiras dos dois, encontramos em 2009/10 um jogo em que Marco Silva defrontou Leonardo Jardim. O primeiro era jogador do Estoril e o segundo treinador em estreia na II Liga, pelo Beira Mar. Marco jogou os 90 minutos na equipa então treinada pelo prof. Neca e venceu por 2-0.

Novo confronto em 2005/06, mas para a 4ª eliminatória da Taça de Portugal, quando Leonardo Jardim era treinador do Camacha, na II Divisão, e Marco Silva já estava no Estoril. Os canarinhos foram à Madeira vencer por 1-0 no prolongamento. Há registo de apenas mais um encontro entre os dois, na época anterior, quando Marco Silva estava no Odivelas e Leonardo Jardim ainda no Camacha, ambos na II Divisão B - zona sul. Na primeira volta o Camacha venceu 1-0 e na segunda foi a vez do Odivelas (2-0).

Leonardo cerebral, Marco «companheiro»

Só três jogadores foram treinados pelos dois: Jefferson (ex-Estoril e atualmente no Sporting), Yohan Tavares (ex-Beira Mar e agora no Estoril) e Tinoco (ex-Beira Mar e Estoril, agora no Arouca).

O único que pode falar com distanciamento dois dois técnicos, por não ser orientado por nenhum deles atualmente, é Luís Tinoco, que aceitou analisar para o Maisfutebol a sua experiência profissional com Leonardo Jardim e Marco Silva. O defesa foi orientado pelo primeiro no Beira Mar (2010/11) e pelo segundo no Estoril (2011/12).

«Leonardo Jardim foi um dos melhores treinadores com quem já trabalhei na preparação do jogo. Apesar de ter jogado pouco com ele foi um treinador com quem aprendi muito. É muito exigente, sabe exatamente o caminho que quer seguir e não se deixa levar por nada que o faça sair desse mesmo caminho», escreve. Em Aveiro fez apenas um jogo oficial com Leonardo, frente ao FC Porto, e acabaria por ser emprestado ao Moreirense.

«Ele tem algumas coisas que o fazem diferente, que são a capacidade de apontar exatamente tudo aquilo em que o jogador tem de melhorar de jogo para jogo. Depois de cada jogo diz, um a um, o que fez de mal e o que fez de bem, tendo tudo apontado no caderninho que anda sempre com ele. Tem também uma coisa muito boa que é a leitura que tem do jogo. Se reparar são muito poucas as vezes que erra uma substituição ou uma mudança táctica durante o jogo. Tem sempre a perfeita perceção do que está a acontecer», elogia.

A experiência com Marco Silva é um pouco diferente: «Eu apanhei o Marco no primeiro ano como treinador em que ele era inicialmente diretor desportivo e passou após 6 jornadas a treinador principal. Ser treinado por ele foi muito bom. É um treinador com treinos fáceis de perceber e bons de fazer. São treinos de exigência e intensidade máxima mas, ao mesmo tempo, são treinos com um espírito tranquilo cultivado pela relação que ele constrói com os jogadores. E é por aí que ele se diferencia dos outros treinadores».

As respostas de Tinoco são dadas por escrito por solicitação do próprio jogador, o que não é normal no futebol português. E o email que recebemos volta a surpreender pela qualidade do testemunho. Agora a análise às diferenças e/ou semelhanças entre os dois técnicos:

«São dois treinadores que preparam o jogo de uma forma muito semelhante. Procuram melhorar aquilo que é a identidade das suas equipas e trabalhar naquilo que os adversários têm de melhor. Muito raramente são surpreendidos com aquilo que os adversários possam fazer. Na relação com os jogadores penso que o Marco tem mais essa capacidade. Ele tem a capacidade inata de se relacionar com os jogadores de uma forma cúmplice mas ao mesmo tempo com o distanciamento necessário para que a barreira treinador/jogador não desapareça. Faz com que o jogador se sinta confiante e disponível para arriscar. O Leonardo Jardim é um treinador mais sério. É mais focado no seu trabalho, mas mesmo assim é um treinador que os jogadores gostam. Não é à toa que está fazer um grande trabalho no Sporting».

Finalmente, pedimos a Luís que contasse uma história curiosa e o que se segue é um momento no mínimo delicioso:

«Sobre o Marco tenho uma que revela, de facto, a capacidade que ele tem de se relacionar com os jogadores. No jantar de natal do Estoril é norma haver troca de prendas entre todos e quando digo todos, é equipa técnica e jogadores. Quem recebe a prenda não sabe quem lhe deu. Nesse ano o Marco calhou a um jogador que praticamente não era convocado. Então esse jogador ofereceu ao Marco um DVD com a compilação dos seus melhores momentos assinado por ele dizendo «novo jogador Alex Haw». O restaurante quase que foi a baixo com as gargalhadas de todos mas principalmente do Marco. Sobre o Leonardo Jardim não tenho nenhuma história a apontar».

Se o jogo já era interessante, por colocar frente-a-frente o primeiro e o quarto classificados da Liga, duas das equipas mais entusiasmantes do campeonato, fica mais um aperitivo sobre o muito que se irá jogar também fora das quatro linhas.

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