Fiquei medianamente satisfeito com a saída de Dauto Faquirá do Olhanense. Gostei até. Por um lado, aprecio o treinador. Por outro, gosto do clube. Juntos, não andavam bem. Era um casamento sem alegria, sem grande cor, uma coisa aborrecida de se ver. Separaram-se. Foi a opção certa.

Lembro-me de ver o Olhanense em Barcelos, frente ao promovido Gil Vicente. Angustiou-me aquela frieza, a falta de preocupação pelo espectáculo futebolístico, a ambição limitada aos pontos.

Perante um adversário errante, ainda à procura de identidade de primeira, os algarvios foram pouco ambiciosos. Com isso, prejudicaram o produto. O futebol português precisa de mais e melhor.

A culpa não se esgota em Dauto Faquirá. Recordo bons talentos lançados pelo treinador. Desta vez, não resultou. O Olhanense procura criar raízes no primeiro escalão e oferece um alargamento da competição a sul. Em troca, deve ter a obrigação de jogar bem.

Os adeptos estão fartos de autocarros e cinzentismos.

Gosto particularmente de equipas como o Rio Ave ou o Paços de Ferreira. Onde a fronteira entre a surpresa e a goleada, frente aos grandes, é necessariamente curta. Descobre-se sempre um Atsu ou um Melgarejo sem complexos, alguém disposto a atacar. Sobretudo, com liberdade para tal. E talento.

Em Olhão, não se via esta conjugação.

É certo que o Rio Ave, por exemplo, estará mais perto de descer que o Olhanense. Mas, se isso acontecer, verá os seus talentos reconhecidos pelo futebol positivo, deixará até saudades entre os espectadores.

O sorriso cativa mais que uma cara fechada. A gerência agradece.

PS: Dauto Faquirá saiu. Não gosto particularmente das hipóteses avançadas para a sucessão. Poderemos chegar à conclusão que o problema, afinal, escapava ao treinador. Estava, isso sim, no projecto. O tempo dirá.

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