«Vitória, vitória, vitória!» O grito de guerra semanal no balneário da Associação de Estudantes Africanos. Marito, influente médio, já fala sem medo do objetivo-mor: ganhar a Divisão de Honra e subir à II Divisão Nacional (futuro Campeonato Nacional de Seniores).

«Era bonito conseguir isso e elevar Cabo Verde tão alto. O nosso estilo é diferente e acho que esse é um dos segredos do nosso surpreendente sucesso», defende, ao Maisfutebol, este futuro engenheiro ambiental.

Óscar Monteiro assente, embora adicione uma dose razoável de cautela ao sonho. «Só podemos pensar nisso lá mais para o fim. Para já é preciso ganhar muitos jogos. Se seria possível? Se conseguirmos, vai-se tentar fazer o impossível», diz o avançado-faz tudo, no que é apoiado pelo treinador Vítor Reis.

«Nunca me exigiram isso, mas estamos na frente e os triunfos dão muita moral», vinca. «Se conseguirmos acabar na frente, vamos jogar para a II Divisão, não tenho dúvidas».

Para isso, o técnico bragantino exige a «melhoria» nalgumas questões comportamentais. O pedido fica feito. «Eles são pessoas extraordinárias, é verdade, só precisam de mais concentração», refere ao nosso jornal. E completa a ideia.

«Eu olho para o lado um segundo e eles põem-se logo na palhaçada. Ainda por cima em crioulo, para eu não perceber. De tudo fazem uma festa. É isto que tem de ser mudado. Há tempo para a brincadeira e para o trabalho», reclama Vítor Reis.

As palavras do treinador são o decalque da reflexão deixada por Óscar Monteiro. «Os cabo-verdianos gostam muito de jogar futebol, mas falam muito e ninguém se entende. Então chegámos à conclusão que precisávamos de um líder. Alguém que nos organizasse». Assim surgiu Vítor Reis.

No plantel do AEAB/IPB FC está, curiosamente, o filho do selecionador nacional de Cabo Verde. Tiago, assim se chama, é avançado e tem 20 anos. O pai, Lúcio Antunes, esteve recentemente a estagiar no Real Madrid e quis levar Vítor Reis.

«Só não fui devido a um problema de saúde. Como o Tiago temos muitos outros meninos talentosos e que já andam no radar dos grandes clubes da região: Chaves, Bragança e Mirandela já me perguntaram por alguns deles».