O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), diz que os atletas estão a ser manipulados. Vicente Moura reagia à tomada de posição pública de vários atletas olímpicos à sua recandidatura.
A declaração foi feita depois da Assembleia Plenária do COP, que terminou já de madrugada, na qual foi aprovado por unanimidade o plano de actividades e orçamento para 2009 e apreciado o relatório da chefia de missão aos Jogos Olímpicos Pequim2008.
«O relatório foi muito discutido, mas foi aceite por todos, apesar de algumas reticências por parte do atletismo», afirmou Vicente Moura, citado pela Lusa. Mas Fernando Mota, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), que se opõe à recandidatura do actual líder do COP, foi muito crítico, dizendo ter assistido a uma «não reunião», sem «direito ao contraditório».
«É legítimo pensar que estou agarrado ao lugar, mas as federações e a opinião pública pensam que sou o melhor candidato. O objectivo é levar-me a desistir porque não conseguem vencer-me nas urnas. Mas cada vez estou mais determinado», afirmou por seu lado Vicente Moura, que atribui as críticas à forma como está a «perspectivar a composição da próxima Comissão Executiva, que deixa de fora algumas pessoas que gostariam de a integrar».
«Disse hoje às federações presentes que saía já se assim o quisessem. Nenhuma o pediu, nem o atletismo», revelou ainda o presidente do COP. Fernando Mota explicou no entanto que «nessa altura já estava tão incomodado que tinha saído da reunião».
O presidente da FPA critica o «descontrolo verbal» de Vicente Moura, nomeadamente as «declarações contra o equilíbrio da missão olímpica» em Pequim 2008. Estranhou ainda as «mais de 150 alterações de forma ou significado» no relatório do chefe da missão, em relação ao esboço a que teve acesso.
Quanto aos atletas, Vicente Moura diz que estão a ser «manipulados. O dirigente defende que «o seu envolvimento no processo eleitoral não é benéfico» fora do âmbito da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO), que na quarta-feira se demarcou da posição da maioria das federações e recusou apoiar a recandidatura do actual presidente a um quarto mandato.
Nuno Fernandes, presidente da CAO, rejeitou que os atletas estejam a ser manipulados, lamentando que «o presidente do COP se recuse falar com os atletas». Isto ultrapassa todos os limites, pois os atletas são a essência do olimpismo», acusa o antigo atleta do salto com vara, que considera de resto «aceitáveis» os nomes de João Lagos ou Vasco Lynce para sucederem a Vicente Moura. Defende que são capazes de «trazer a renovação e dar energia» ao COP, apesar de Lynce já ter ocupado o cargo.