O Olivais e Moscavide recorreu esta sexta-feira ao Fundo de Garantia Salarial e «levou» o pouco dinheiro que restava nos cofres do Sindicato de Jogadores. «Cada um dos 20 jogadores recebeu 500 euros. Não ameniza grande coisa, mas já ajuda», confirmou à Agência Lusa o capitão de equipa, Ricardo Aires.
Desde Janeiro que os atletas do Olivais não recebiam salários e a situação já era insustentável para alguns futebolistas. «Esperámos até à última para accionar o fundo, mas agora tinha mesmo de ser. Alguns colegas até já tinham dificuldades em comer», confirmou Aires. Em termos desportivos, o capitão do Olivais mantém a fé na manutenção na II Divisão, o que «ajudaria a receber», mas a «luta» não está fácil. O clube de Moscavide ocupa actualmente a terceira posição de descida na série D, com 26 pontos.
Fundo no fundo «não espanta»
Contactado pelo Maisfutebol, Joaquim Evangelista admite que «esta entrega praticamente esgotou o fundo». O presidente do Sindicato de Jogadores explicou que, antes desta situação, tinha 250 mil euros distribuídos. «Com esta entrega ficámos praticamente sem dinheiro, mas isso não espanta, dada a situação caótica do futebol português», declarou Evangelista.
O presidente do Sindicato garante «não deixar nunca de apoiar os futebolistas nem deixar de procurar soluções» mas critica os dirigentes por se manterem em silêncio e não darem a devida atenção aos «problemas sérios» do futebol nacional.
«Os dirigentes não podem fugir às responsabilidades. Não se podem escudar no Fundo de Garantia Salarial para não pagar o que têm acordado. O Sindicato tem apoiado vários jogadores em situações muito graves enquanto os dirigentes mantêm o silêncio. Parece que se acomodam. Não pode ser», atirou Evangelista, explicando não querer «minimizar a situação, queremos acabar com ela para que não volte a acontecer na próxima época. Com isto perdem-se patrocínios e adeptos e cria-se uma mentira na competição.»
Há «casos gravíssimos» a precisar de milagres
Joaquim Evangelista, em conversa com o Maisfutebol, apontou o dedo aos responsáveis dos clube. «Não é justo que uns clubes lutem tanto para cumprir os seus compromissos e consigam simultaneamente bons resultados desportivos e outros tenham o mesmo direito de participar nas competições profissionais e depois não paguem aos seus funcionários. Isso não é ser profissional», reprovou o representante dos futebolistas.
De acordo com Evangelista, «as medidas previstas para a próxima época [proibir os clubes incumpridores de participar nas competições profissionais] vão ser muito importantes. O Boavista, o Estrela, o Setúbal, são casos gravíssimos e só um milagre poderá inverter a situação!»
Por outro lado, «O Paços e o Trofense são dois bons exemplos. São clubes cumpridores. É certo que o Trofense está numa posição de descida, mas o Paços está a mostrar o bonito do futebol, como prova a presença na final da Taça», lembra.