Tirambaço: substantivo masculino; Chute violento em direção ao gol.
Do Sporting de Peseiro ao Sporting de Keizer vai um mês, com seleções e Tiago Fernandes pelo meio. E pelo que se viu e vê, não foi uma questão motivacional que transformou o leão numa equipa alegre: foi a visão de Keizer aplicada à prática.
Não é apenas Wendel que salta para o onze, é o toque do meio-campo sempre a ligar os pontos, Nani e a sua influência em terrenos interiores, Bas Dost a dar-se ao jogo e, ainda no processo ofensivo, a manutenção aqui e ali do habitual cruzamento para o prolífico holandês: se a percentagem de sucesso é significativa, porque não tentá-la de vez em quando? Inteligência, portanto.
Não é ainda ótimo. O Sporting cede espaços a mais e nesta segunda-feira deixou o Rio Ave com bola e de frente para Coates, Mathieu e companhia vezes demasiadas.
Como sucede em qualquer modalidade, à medida que a equipa de Keizer cresce, também os adversários obtêm mais informação sobre esta visão holandesa, o que pode levar a dificuldades inesperadas. Elas irão surgir, mas servirão também para aprendermos nós algo mais sobre Keizer e o seu pensamento.
Para já, com três jogos, diga-se isto. O Sporting de há uns meses era soporífero, quase receoso, e susteve-se nos resultados. Em menos de um mês com Keizer tornou-se confiante, não pelas três vitórias ou por chavões motivacionais, mas pelo processo que, entende-se, foi introduzido pelo treino.
O Sporting não está ótimo, mas está melhor, como disse Bruno Fernandes no final do jogo com o Rio Ave. Nem era preciso ele vir dizê-lo. É que vê-se da Lua.
O Tirambaço é um espaço de opinião do jornalista Luís Pedro Ferreira. Pode segui-lo no Twitter.
[Artigo originalmente publicado às 23h55, de 3-12-2018]