Jorge Jesus contesta as medidas proteccionistas que estão a ser analisadas pelo Governo. O treinador do Benfica garante que os clubes portugueses não têm capacidade para contratar estrangeiros com internacionalizações. Percebo.

Portugal não pode adoptar o modelo inglês. Aliás, duvido que essa solução alterasse coisa alguma. Ainda assim, algo terá de ser feito para proteger o talento português, sem obrigar os clubes a procurar internacionais nas Malvinas (ou Maldivas), como Jesus sugeriu.

Repito, algo tem de ser feito. A recuperação do modelo das equipas B é um passo nesse caminho. O Marítimo manteve a aposta e tem colhido frutos. É importante preencher esse espaço entre as camadas jovens e as equipas principais.

A transferência de Vieirinha para o Wolfsburgo é mais um exemplo do insucesso das nossas políticas. O extremo conquistou a Europa sem ter encontrado um lugar no seu país de origem.

Vieirinha: «Portugal? Não guardo mágoa»

Tanto que a selecção nacional só despertou quando Fernando Santos ameaçou desviar o jogador para a Grécia.

Ao longe, os adeptos lamentam. Vêem um talento português a correr por fora. Tsartas, um dos homens que roubou o troféu do Euro2004 à nossa selecção, lembra ao Maisfutebol que Portugal nunca apostou em Vieirinha. Do outro lado da linha, encolhemos os ombros em concordância.

Com 25 anos, Vieirinha merecia esta oportunidade. Os clubes portugueses relegam os seus talentos para segundo plano. No fundo, passam uma imagem clara: cada transferência do exterior traz mais-valias que escapam ao senso-comum.

O Wolfsburgo, nesta terça-feira, tirou-nos dois talentos de uma assentada: Vieirinha, que não quisemos por cá, e Sissoko, extremo da Costa do Marfim que crescia na Académica.

Académica: Sissoko assinou pelo Wolfsburgo

Sissoko tem 20 anos e estava em Portugal desde 2009. De certa forma, era nosso. Explodiu numa equipa da Liga mas fará as malas sem uma proposta à altura dos maiores clubes lusos. Custa dois milhões de euros.

Até final de Janeiro, veremos quantos desconhecidos chegarão por esse valor ao nosso futebol. Essa é a realidade que urge combater.

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